quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Qual fruto o crente produz?



Analisando João 15, não é o fruto do espírito que glorifica a Deus, mas, o fruto produzido pelas varas, ligada à videira verdadeira, que glorificam a Deus.


Qual fruto o crente produz?

“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim, nada podeis fazer.” (João 15:5)

 

Ganhar almas

É comum ouvirmos que dar fruto é ganhar almas! Sermões e mais sermões, orientando os cristãos a produzirem fruto são ministrados e, na sua grande maioria, a ideia de frutificar ensinada, é conquistar almas para o reino de Deus.

No Sermão de Jesus, que consta no capítulo 15, do evangelho de João, Jesus se apresenta como a videira verdadeira e os que estão ligados a Ele, como as varas (Jo 15:2-5).

Daí a pergunta: um novo convertido constitui ‘fruto’ ou, ‘vara’? Considerando que qualquer que confessa a Cristo, como salvador, passa a estar ligado n’Ele, que é a videira verdadeira, isso significa que os novos ‘convertidos’ constituem-se varas e não fruto. Certo é que o cristão, como vara ligada à videira, produz fruto, porém, o fruto não são os novos convertidos, pois, todos os que se convertem, passam à condição de varas e não à condição de fruto.

Cada cristão é uma vara e, por isso mesmo, Jesus diz que os seus discípulos são as varas (plural). Já, com relação ao fruto, ele é apresentado no singular, o que demonstra que é impossível os novos convertidos serem fruto.

Analisando as Escrituras, evidencia-se que não há qualquer relação entre dar fruto e ‘ganhar almas’. Ou seja, tal colocação é decorrente de má compreensão das Escrituras.

Um cristão tem a função de plantar e o outro de regar, porém, dar o crescimento, é algo que pertence a Deus. Novos convertidos não são o ‘fruto’ produzido por outros cristãos, antes, varas ligadas à videira.

“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Co 3:7).

 

Moral e caráter

Outros apregoam que o fruto do cristão é a sua moral e o seu caráter. Para esse entendimento, apontam para o fruto do espírito que consta na epístola de Paulo aos Gálatas:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gl 5:22; Ef 5:9).

O primeiro equívoco se dá ao atribuir à pessoa do Espírito Santo o ‘fruto do espírito’. Ora, se são as varas (cristãos) que produzem fruto, conclui-se que o fruto não é produzido pelo Espirito Santo, pois o Espírito Santo é o Consolador prometido (Jo 14:26; Jo 15:26) e não uma vara.

Em segundo lugar, se considerarmos que o ‘fruto é do espírito’, isso significa que tal fruto não diz do fruto das varas! O fruto provém das varas ou, do espírito?

Observe que, no capítulo 3, o apóstolo Paulo repreende os cristãos da Galácia, por terem iniciado a carreira cristã pelo espírito e que, após serem fascinados por doutrinas estranhas, estavam voltando à carne.

É imprescindível observar que o termo ‘espírito’ refere-se à verdade do evangelho, enquanto o termo ‘carne’ refere-se às questões decorrentes da lei, como circuncisão, tribo, nacionalidade, festas, sábados, luas, etc. Utilizando os termos ‘espírito’ e ‘carne’, o apóstolo dos gentios faz um contraponto entre ‘graça’ e ‘lei’.

Nesse sentido, os cristãos são ministros do espírito (2 Co 3:16), em outras palavras: pregoeiros da fé (Gl 3:10), diferentes dos judaizantes, que eram insensatos, ministros de um Velho Testamento, ou seja, da letra:

“O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica” (2 Co 3:6);

A palavra de Cristo é espírito e vida (Jo 6:63), pois, Ele é espírito vivificante (1 Co 15:45), portanto, o fruto do espírito que o apóstolo Paulo descreve refere-se ao que o evangelho produz, que é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança.

Qualquer que se deixa guiar pelo evangelho (espírito), não está debaixo da lei (Gl 5:18), vez que crucificou a carne com as suas paixões e concupiscências e, portanto, pertence a Cristo (Gl 5:24).

Estar ligado à videira verdadeira não é uma questão moral ou, de caráter, antes, decorre da palavra de Cristo. Os cristãos são limpos por causa das palavras que Cristo falou e não por causa da moral ou, do caráter. Só é possível estar ligado à videira, após nascer da água e do espírito e não através de uma mudança de caráter ou, de prática de atitude moral (Jo 15:3; Jo 13:9-10).

Apesar de os filhos de Israel possuírem moral e caráter diferenciado da dos gentios, contudo, por estarem debaixo da lei, as suas obras eram manifestas: cobiçosos, idólatras, prostitutos, murmuradores, etc., pois, faziam da carne o seu braço (1 Co 10:6-10; Lc 19:11-12). O povo de Israel era contado como transgressor, motivo pelo qual foi dada a lei (1 Tm 1:9).

“Assim, diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr 17:5).

Os que confiam da carne, ou seja, na circuncisão, tribo, linhagem, zelo, fariseu, lei, etc., são malditos, pois fazem da carne o seu braço (força) e não confiam no Senhor (Fl 3:4-7). Já os que confiam em Deus, servem a Deus em espírito, ou seja, segundo a verdade do evangelho, que é água e espírito (Jo 3:5).

Aquele que está em Cristo é nova criatura, portanto, anda segundo o evangelho e não segundo a carne. Estar em Cristo é condição própria à nova criatura. Os que andam segundo o espírito são os que estão em Cristo Jesus, portanto, são novas criaturas:

“PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1);

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17).

Os que estão em Cristo são reconhecidos pelas questões do espírito e os que são segundo a carne, pelas questões da carne. Daí, a recomendação paulina:

“Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne e, ainda que, também, tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já não o conhecemos desse modo” (2 Co 5:16).

‘Carne’ é um modo de falar do que é exterior, não do coração, que leva o homem a gloriar-se:

“Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão, a que o é, exteriormente, na carne” (Rm 2:28);

“Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo e não confiamos na carne” (Fl 3:3);

“Pois que, muitos se gloriam segundo a carne, eu, também, me gloriarei (…) São hebreus? Também, eu. São israelitas? Também, eu. São descendência de Abraão? Também, eu” (2 Co 11:18 e 22);

“Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a vos circuncidar, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Porque nem, ainda, esses mesmos que se circuncidam, guardam a lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa carne” (Gl 6:12-13).

A circuncisão não concede a filiação de Abraão, antes, a fé (Rm 9:8; Gl 3:7 e 9). Os judeus, por sua vez, entendiam que ser descendente da carne de Abraão era o que os qualificava como filhos de Abraão, daí a confiança e o gloriar-se na carne.

Quem são as pessoas que vivem segundo a carne? Os israelitas! Nesse sentido, os filhos de Israel eram sujeitos à lei de Deus? Não! Antes, a inclinação deles era a morte, pois, não podiam agradar a Deus, visto que andavam segundo a carne (Rm 8:5-8).

Devemos ter em mente que ‘carne’ e ‘espírito’ são termos utilizados que remontam a alegoria de Sara e Hagar (Gl 4:24), esta, escrava e aquela, livre.

“Mas, como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é também agora” (Gl 4:29).

Essa alegoria é apresentada pelo apóstolo Paulo aos cristãos de Roma, através do exemplo do marido e da mulher. Pela lei a mulher está por toda vida ligada ao marido e somente será livre da lei do marido quando o marido morrer (Rm 7:1-3).

Pelo fato de Cristo ter morrido por todos e todos morrerem (2 Co 5:14-15), certo é que os cristãos estão mortos para a lei, por causa do corpo de Cristo, portanto, livres da lei (Rm 7:4 e 6). Desse modo, o cristão serve a Deus em novidade de espírito (evangelho) e não na velhice da letra (lei) (Rm 7:6).

Entretanto, o apóstolo Paulo lembra que, quando os cristãos estavam na carne, portanto, debaixo da lei (Gl 4:21), a lei somente realçava as paixões do pecado (Rm 7:5) e, assim, eram contados como transgressores (1 Tm 1:9). Embora a lei seja espiritual, qualquer que é carnal está vendido como escravo ao pecado (Rm 7:14-15) e, por mais que queira obedecer a Deus, estará fadado a fazer o que não quer, pois, é impossível a alguém na carne, sujeitar-se à lei de Deus (Rm 8:8).

Antes de crer em Cristo, o desejo do apóstolo Paulo era servir a Deus, tanto que ele era zeloso da lei, “Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível” (Fl 3:6). No entanto, o que ele queria fazer (servir a Deus), ele não fazia, mas o que aborrecia (não servir a Deus), acabava por fazer (Rm 7:15).

A vontade do apóstolo Paulo, quando era escravo do pecado e estava na carne, era servir a Deus, porém, fazia o que não queria, consentindo, assim, com a lei, que é boa.

“Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa” (Rm 7:14-16).

Embora, o prazer do apóstolo Paulo fosse a lei de Deus (Rm 7:22), por causa da carne, não era sujeito à lei de Deus (Rm 8:7-8). Esse quadro mudou quando Ele passou a andar segundo o evangelho (espírito) e não segundo a velhice da letra (carne).

De sorte que, com o entendimento que há no evangelho, o homem serve a lei de Deus, mas, com a carne, o homem somente tem zelo de Deus, porém, serve a lei do pecado (Rm 7:25; Rm 10:2).

 

Glorificar

Alguns entendem que glorificar a Deus é dar fruto, porém, Jesus é claro que o Pai é glorificado, quando as varas dão fruto.

“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos” (Jo 15:8).

A ideia que muitos nutrem, acerca do glorificarem a Deus com palavras de ordem, como: ‘Aleluia’, ‘Glória’, etc., não é dar fruto, porque só é possível glorificar a Deus, dando fruto!

Observe que não é o fruto do espírito que glorifica a Deus, mas, o fruto produzido pela vara, ligada à videira verdadeira, que glorifica a Deus.

 

Qual o fruto produzido pelas varas?

O fruto produzido por aqueles que estão ligados a Cristo, diz do fruto dos lábios criados por Deus:

“Eu crio os frutos dos lábios: paz, paz, para o que está longe; e para o que está perto, diz o SENHOR, e eu o sararei” (Is 57:19).

A confissão de que Jesus é o Cristo, é o fruto dos lábios, que estabelece a paz, que excede todo entendimento, tanto para judeus (perto), quanto para gentios (longe).

A confissão do nome de Jesus é o fruto produzido pelas varas, pois, só por Cristo, é possível sacrifício de louvor:

“Portanto, ofereçamos sempre por ele, a Deus, sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome (Hb 13:15).

Quando o homem ouve a mensagem do evangelho, reconhece que é pecador e invoca a Cristo, rogando pelo perdão gracioso de todas as iniquidades, passando à condição de vara ligada a videira, então, oferecerá a Deus, como novilhos, os sacrifícios dos lábios, ou seja, a confissão de que Jesus Cristo é o Senhor, o fruto dos lábios (Os 14:2; Sl 50:14; Sl 51:15).

No Livro dos Provérbios, que foi escrito para se compreender os adágios, parábolas e enigmas (Pv 1:1-6), temos o seguinte verso:

“Do fruto da boca de cada um se fartará o seu ventre; dos renovos dos seus lábios, ficará satisfeito” (Pv 18:20).

‘Fruto’, em relação ao homem, está relacionado ao que procede dos lábios. Desse proverbio, o alerta:

“O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração, tira o mal, porque, da abundância do seu coração, fala a boca” (Lc 6:45).

Os homens sem Deus estão fartos dos renovos dos seus próprios lábios, pois, tudo o que dizem, procede dos seus corações enganosos.

Na Bíblia fruto está relacionado a palavras, como se lê:

“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Pv 25:11).

Em razão dessa verdade, Jesus alerta que não é possível identificar os falsos profetas pela aparência, pois são lobos devoradores que se disfarçam de ovelhas (Mt 7:15).

Como reconhecê-los? Pelos seus frutos!

“Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros, ou, figos dos abrolhos?” (Mt 7:16).

Os homens sem Deus produzem ‘frutos’ diversos, cada qual segundo os seus caminhos: “Portanto, comerão do fruto do seu caminho e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos” (Pv 1:31), já o justo produz o fruto segundo a sua raiz:

“O ímpio deseja a rede dos maus, mas a raiz dos justos produz o seu fruto” (Pv 12:12).

Sabedor de que é pelo fruto que se conhece alguém, o evangelista João alerta acerca dos anticristos, apontando para a mensagem que anunciam, dizendo:

“AMADOS, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne, é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne, não é de Deus; mas, este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo” (1 Jo 4:1-3).

Deus é glorificado pelo fato de ter plantado árvores de justiça em Cristo, obras de Suas mãos (Is 60:21 e 61:3). Deus plantou, em Cristo, árvores de justiça, segundo o conselho de sua vontade, a fim de que os cristãos produzam muito fruto e constituam louvor à sua gloria (Ef 1:12; Is 43:7).

Qualquer que está em Cristo foi escolhido e designado para dar fruto, e o fruto permanecerá (Jo 15:16), o seja, o fruto que contém a semente que permanece para sempre:

“Mas a palavra do SENHOR permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (1Pe 1:25);

“Qualquer que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele, e ele em Deus” (1Jo 4:15

domingo, 26 de setembro de 2021

O joio e o trigo



A Parábola do Joio e do Trigo fala sobre a existência do mal no meio do bem e a definitiva separação entre eles. A Parábola do Joio e do Trigo está registrada no Evangelho de Mateus, bem como sua explicação (Mateus 13:24-30; 36-43). Neste estudo bíblico iremos meditar no significado dessa importante parábola de Jesus.

Resumo da Parábola do Joio e do Trigo

Na Parábola do Joio e do Trigo Jesus comparou o Reino dos céus a lavoura de um homem. Este homem semeou boa semente de trigo em seu campo. Mas durante o seu período de descanso, veio um adversário e semeou joio no meio do trigo. Passando o tempo, o trigo cresceu e frutificou, mas junto dele também apareceu o joio.

Ao constatarem que havia joio entre o trigo, os servos do dono do campo lhe interrogaram sobre o porquê da presença de joio na plantação se na verdade apenas o trigo havia sido semeado por ele. O agricultor respondeu aos seus servos que um inimigo havia feito aquilo.

Prontamente seus servos se disponibilizaram a arrancar o joio do meio da plantação de trigo. Mas o dono do campo impediu que eles fizessem isto. Segundo ele, ao arrancar o joio, seus servos poderiam também acabar arrancando o trigo. Então ele ordenou que deixassem crescer o joio e do trigo juntos até o dia da ceifa. Neste dia, porém, os ceifeiros teriam ordens para colher primeiro o joio e separá-lo para queimar, enquanto o trigo seria guardado em seu celeiro (Mateus 13:24-30).

Contexto da Parábola do Joio e do Trigo

Jesus pronunciou a Parábola do Joio e do Trigo num determinado dia em que saiu de uma casa e se assentou à beira do Mar da Galileia. Naquele dia uma grande multidão se reuniu perto dele. Então Ele subiu num barco enquanto a multidão ficou em pé na praia escutando seus ensinamentos.

Naquele mesmo dia, Jesus pronunciou uma série de pelo menos sete parábolas sobre o Reino dos céus. Primeiro Ele contou quatro parábolas diante de toda multidão. Foram elas: O Semeador, O Joio e do Trigo, O Grão de Mostarda e o Fermento (Mateus 13:1-36). Já as três últimas parábolas foram contadas exclusivamente aos seus discípulos. Foram elas: O Tesouro EscondidoA Pérola de Grande Valor e a Rede. (Mateus 13:36-53).

Provavelmente a Parábola do Joio e do Trigo foi contada na sequência da Parábola do Semeador. Ambas as parábolas possuem certas semelhanças. Elas utilizam o pano de fundo da agricultura, e igualmente falam de um semeador, uma lavoura, e sementes sendo plantadas.

Mas ao mesmo tempo elas também possuem diferenças significativas. Na Parábola do Semeador só há um tipo de semente sendo semeada, a boa semente. Por isto a mensagem da parábola enfatiza a forma com que essa boa semente é recebida pelos diferentes tipos de solo. Além disto, o maligno aparece como aquele que arranca a semente semeada em determinado tipo de solo.

Já na Parábola do Joio e do Trigo há dois tipos de sementes, a boa e a ruim. Então a ênfase é posta no semeador, sobretudo na forma com que ele trata a realidade de haver semente ruim plantada junto de semente boa. Por último, o inimigo aparece como sendo o responsável em plantar a semente ruim. Existem muitas passagens bíblicas que aplicam metáforas da agricultura, pois isto consistia em algum muito presente na vida daquela época.

Explicação da Parábola do Joio e do Trigo

O próprio Jesus explicou a Parábola do Joio e do Trigo aos seus discípulos. Eles não tinham entendido esta parábola, e depois de Jesus ter despedido a multidão, eles lhe pediram explicação.

Jesus explicou a parábola dizendo que o homem que semeia a boa semente é o Filho do homem, ou seja, Ele próprio. Vale saber que o título “Filho do homem” é a autodesignação mais utilizada por Jesus. Este é um título muito significativo que aponta tanto para sua plena humanidade quanto para sua plena divindade.

O campo, na parábola, serve como representação do mundo. A boa semente de trigo representa os filhos do Reino, enquanto que o joio representa os filhos do maligno. Consequentemente, o inimigo que semeou o joio é o diabo. Por último, a ceifa representa a consumação dos séculos, e os ceifeiros, aos anjos.

Os anjos ao serviço do Senhor no dia final, como ceifeiros, tirarão do Reino todo joio, ou seja, tudo o que foi semeado pelo diabo, isto é, os ímpios, aqueles que praticam o mal e são motivos de tropeço. Eles serão lançados na fornalha ardente, onde haverá choro e ranger de dentes. Por outro lado, a boa semente, isto é, os justos, brilharão como sol no Reino de Deus (Mateus 13:36-43).

A diferença entre o Joio e o Trigo

O objetivo de Jesus em expressar a ideias de semelhança e contraste é perfeitamente alcançado no uso das duas sementes. O joio da qual Jesus fala nesta parábola, trata-se de uma erva terrível chamada tecnicamente de Lolium Temulentum. Esta erva é uma praga relativamente comum em muitas lavouras de trigo.

Em seus primeiros estágios, enquanto ainda está em folhas, ela se assemelha muitíssimo ao trigo, tornando inviável arrancá-la do meio do trigo. Mas as semelhanças param por aqui. O joio pode ser hospedeiro de um fungo que produz toxinas venenosas que podem causar efeitos gravíssimos se consumido por animais e humanos.

Portanto, enquanto o trigo é base dos mais variados alimentos, o joio é uma erva daninha. Mas ao amadurecer, quando as espigas são formadas, as semelhanças entre essas duas sementes acabam. No dia da colheita, nenhum ceifeiro comete o erro de colher joio em lugar do trigo.

O significado da Parábola do Joio e do Trigo

A Parábola do Joio e do Trigo fala do caráter heterogêneo atual do Reino, mas também ressalta sua consumação futura em plena pureza e esplendor. Assim como em uma lavoura que enquanto as plantas crescem ervas indesejadas também crescem junto, assim também ocorre no Reino. Mas no final, tanto a lavoura quanto o Reino, são submetidos a uma rigorosa limpeza. Isto ocorre no dia da ceifa. Neste dia os ceifeiros separam o resultado da boa semente da praga que cresceu no meio dela.

Então o significado da Parábola do Joio e do Trigo aponta para a realidade da existência do mal entre o bem no Reino. Em determinados estágios, o mal se alastra de uma forma tão sorrateira, que é praticamente impossível diferenciá-lo.

Mas o significado desta parábola também revela a verdade de que no final o Filho do homem cuidará, através de seus anjos, de separar os bons dos maus. Nesse dia os ímpios serão tirados do meio dos redimidos. Os filhos do maligno serão perfeitamente distinguidos dos filhos de Deus e serão lançados no lugar de tormento.

Mas os fiéis entrarão na bem-aventurança eterna. Eles estarão para todo sempre ao lado do Senhor. Eles não brotaram como uma erva daninha no campo, mas foram plantados pelas mãos do grande Semeador. Eles são frutos da boa semente, e a boa semente jamais resultará em praga. Apesar de muitas vezes terem que dividir a lavoura com o joio, o celeiro daquele que os plantou está reservado exclusivamente para recebê-los.

Lições da Parábola do Joio e do Trigo

Jesus conclui esta parábola com as conhecidas palavras: “Aquele que tem ouvidos, então ouça” (Mateus 13:43). Certamente a Parábola do Joio e do Trigo, através de seu significado central, nos ensina valiosas lições e devemos estar atentos a ouvi-las.

A necessidade da paciência diante do joio

A principal lição que devemos tomar da Parábola do Joio e do Trigo diz respeito à paciência. A ordem para deixar que o joio cresça no meio trigo fala exatamente disto. Mas ao contrário do que alguns pesam, esta não é uma ordem para que o pecado seja tolerado no meio da Igreja.

Sobre isto, W. Hendriksen ressalta que o ensino de Jesus neste ponto é que simplesmente seus servos devem estar dispostos a esperar pacientemente pela decisão do Filho do homem no dia da ceifa.

O joio está misturado no meio do trigo

Satanás se empenha em falsificar a mensagem do Evangelho, de modo que seus representantes se misturam no meio do verdadeiro povo de Deus. É interessante notar que o joio não foi semeado numa lavoura vizinha de onde o trigo foi semeado. O joio semeado pelo maligno está no meio da igreja visível.

Eles se misturam e se tornam muitas vezes imperceptíveis, e buscam entrelaçar suas raízes com o intuito de fazer com que os verdadeiros crentes tropecem em seus enganos. Portanto, aqueles que professam o falso evangelho se parecem com trigo, mas na realidade são ervas daninhas. Eles jamais poderão ser genuínos embaixadores do Reino, pois são agentes de Satanás.

O joio será definitivamente separado do trigo

Por mais que o joio cresça no meio do trigo, esta aparente união não será definitiva. Como foi dito, o joio cresce na mesma lavoura do trigo, sobre a mesma terra. Ele recebe os mesmos nutrientes, o mesmo adubo e é regado pela mesma água. Mas um carrega em si a vida, enquanto outro carrega em si a morte. Por ocasião do juízo, os filhos de Deus e os filhos do diabo serão permanentemente separados.

No dia do juízo final toda impureza será arrancada do Reino. Tudo aquilo que afronta e transgride a Lei de Deus será removido. A verdadeira Igreja estará finalmente reunida em todo esplendor com Aquele que a plantou e que lhe foi sua Pedra Angular. Então os redimidos viverão por toda a eternidade no universo transformado, não mais sujeito aos efeitos do pecado. Mas é importante que jamais nos esqueçamos: esta separação ocorrerá somente no dia da ceifa, não antes disto