terça-feira, 30 de maio de 2017

A Adversidade

A adversidade, ou infortúnio, ocorre a todos nós, em maior ou menor intensidade, em épocas várias. Às vezes são contrariedades triviais, e dizemos "que azar!" ou "que falta de sorte". Quando são de natureza mais séria, procuramos saber a causa. A Bíblia nos diz muito sobre isto, e a seguir temos alguns exemplos.

SUAS CAUSAS

O PECADOGênesis 3:16-19. A causa fundamental do desgosto, das tristezas, das calamidades e das catástrofes que sofremos é o pecado. Todos pecamos, e por causa do pecado Deus amaldiçoou a terra em que vivemos.
A DESOBEDIÊNCIA À LEI DE DEUS: Levítico 26:14-20. O povo de Israel, por exemplo, após ter sido libertado da escravidão no Egito, recebeu de Deus a sua Lei, para ser obedecida em sua nação, agora instituída. Se assim não fizesse, sofreria grande adversidade na forma de enfermidades, esterilidade da terra, derrotas e invasões por parte dos seus inimigos, etc.

O SEU PROPÓSITO

CASTIGO DO PECADO2 Samuel 12:9-12. Embora o rei Davi tivesse grandes virtudes e fosse muito abençoado por Deus por causa da sua fidelidade, Deus não deixou de puni-lo severamente por causa do seu adultério com Bate-Seba, e o virtual assassínio do seu marido, Urías.
HUMILHAÇÃO2 Crônicas 33:11-13. O rei Manassés fez a nação de Israel voltar à idolatria, a tal ponto que queimou seus próprios filhos como oferta a Moloque, praticou adivinhação, agouros, feitiçaria e necromancia. Deus o castigou mediante o exército da Assíria, que assolou o país e levou Manassés cativo para a Babilônia. Por causa disto, Manassés se humilhou diante de Deus mostrando seu arrependimento e reconhecimento que o SENHOR era Deus. Deus teve misericórdia dele e o restaurou como rei; Manassés provou depois que sua conversão foi sincera, restabelecendo o culto ao SENHOR e afastando os ídolos.
CONDUZIR À PALAVRA DE DEUS: Deuteronômio 8:2-3. O povo de Israel passou fome no deserto, e ficou dependente de Deus para o fornecimento de um alimento especial, o maná; o maná era uma figura da Palavra de Deus, concretizada no envio de seu Filho ao mundo.
DISCIPLINA E CORREÇÃO: Hebreus 12:5-11. O SENHOR faz uso da adversidade para corrigir aos seus filhos, assim como a punição é necessária na educação dos filhos. É prova de que realmente somos Seus filhos.
PROVAR A FÉ: 1 Pedro 1:5-8. Assim como o ouro é purificado com o fogo, também nossa fé é provada e é fortalecida mediante as várias provações que nos entristecem enquanto passamos por elas.
LEVAR AO DESCANSO: Salmo 94:12-13. O descanso, na Bíblia, geralmente significa cessar de sofrer e labutar. Como após a tempestade vem a bonança, após a adversidade vem a bem-aventurança. É necessário passarmos pela primeira para compreendermos e apreciarmos melhor a segunda.

REAÇÕES

REBELIÃO: Êxodo 14:4-8, Jó 2:9. Faraó e seu povo sofreram terrivelmente porque recusaram livrar o povo de Israel. Ao invés de se humilharem diante do SENHOR, que provara a eles ser o verdadeiro Deus Todo-Poderoso, eles se rebelaram contra Ele, sofrendo conseqüências desastrosas. A mulher de Jó (que sofreu com ele a perda de todos os seus bens e a de seus filhos) aconselhou a ele que amaldiçoasse a Deus pelo que lhes acontecera; Jó, porém, provou a sua fé submetendo-se a Deus e chamando-a de doida.
DESCONFIANÇA: Êxodo 6:8-9. Quando Moisés voltou ao Egito, incumbido de libertar o povo de Israel, ele deu essa boa notícia ao povo. Mas o povo não lhe deu atenção por causa do sofrimento pelo qual estava passando: eles já não criam que Deus iria libertá-los.
RECLAMAÇÃO: Rute 1:20-21. Noemi carregava grande amargura consigo por causa das aflições que havia sofrido depois de ter saído de sua terra.
INDAGAÇÃO: Jeremias 20:7-10. Lê-se nas entrelinhas que Jeremias estava perplexo: o SENHOR o havia nomeado profeta à nação de Judá, mas ao invés de ser respeitado por isso, ele era desprezado, insultado e castigado não só pelo rei e principais do povo, mas pelos próprios principais dos sacerdotes. Mas sua fé estava firme, como vemos nos versículos que se seguem.
DESÂNIMO: Provérbios 24:10. Em linguagem moderna, entende-se assim "se você mostrar desânimo no dia da dificuldade, sua força será limitada". Muitos de nós nos inclinamos a desanimar quando a adversidade parece demais: isto nos enfraquece e limita o poder que recebemos de Cristo para vencer.
ARROGÂNCIA: Salmo 10:6. É a atitude do ímpio, ateu, que prospera em sua injustiça e confia em si próprio.
ESPERANÇA: Lamentações 3:31-40. O crente diz "acaso não procede do Altíssimo assim o mal como o bem?"; Deus não tem prazer em afligir ou entristecer ninguém, mas queixe-se cada um dos seus próprios pecados; Deus não rejeitará para sempre.
SUBMISSÃO: Jó 5:17-22. Ser disciplinado por Deus é um privilégio que não deve ser desprezado. Bem aventurado é aquele de quem Deus cuida e que sabe se submeter à vontade divina.
ALEGRIATiago 1:2-4. Àquele que conhece bem a Deus, as várias provações por que passa lhe dão muita alegria, pois lhe dão perseverança a fim de atingir a perfeição, ou maturidade, e a integridade de caráter, "em nada deficientes".

A INTERVENÇÃO DIVINA

USADA CONTRA AS NAÇÕES2 Crônicas 15:5-6. As guerras e perturbações que vieram sobre as nações no tempo dos reis de Judá eram, segundo o Espírito de Deus, de origem divina. O reino de Judá havia se afastado de Deus e foi também castigado, mas quando se voltou para Ele e O buscou, Deus se compadeceu dele.
DEUS CONHECE ...: Salmo 31:7. Deus é onisciente, e tem cuidado especial daqueles que são seus: conhecendo suas angústias ele se mostra benigno e se compadece deles.
... SALVA ...1 Samuel 10:19. Deus livrou o povo de Israel de todos os seus males e tribulações, mas eles decidiram que era melhor ter um homem como rei à testa do seu governo e de suas guerras.
...E REDIME O ATRIBULADO2 Samuel 4:9. Davi foi muito perseguido e sofreu muito por causa da inveja do rei Saul, mas quando este morreu em batalha, Davi reconheceu que havia sido redimido pelo SENHOR.

DEUS AINDA AJUDA O ATRIBULADO MEDIANTE:

A ORAÇÃO: Jonas 2:1-7. Jonas havia desobedecido a Deus e em conseqüência estava em perigo de vida dentro do estômago de um grande peixe. Daquele lugar ele fez uma oração a Deus, citando vários versículos de Salmos, e declarando sua confiança em que Deus o livraria. Deus assim o fez.
O CONHECIMENTO DO PROPÓSITO DIVINO: Lamentações 3:31-42 e Romanos 5:3. Nada acontece sem que seja permitido por Deus. Cabe-nos reconhecer isto, e recorrermos a Deus, arrependidos, após compararmos nosso comportamento com o padrão que Deus estabelece em sua Palavra, a fim de que Ele nos socorra. Por outro lado, se somos obedientes a Ele, sabemos que as tribulações são boas para melhorar o nosso caráter, logo devemos ter prazer em passar por elas.

A REFORMA PROTESTANTE

A tirania, ganância e imoralidade dos sacerdotes do catolicismo romano chegaram escandalosamente ao seu auge no início do século 16, quando então saíram do seu âmbito grandes partidos resolvidos a voltar aos princípios bíblicos que haviam sido postos de lado, abandonando as heresias que tinham tomado o seu lugar. Esse movimento ficou sendo conhecido como a Reforma Protestante.
Desta reforma surgiram várias grandes seitas institucionalizadas, entre elas o “anglicanismo”, o “luteranismo” e o “presbiterianismo”. Todas estas introduziram a Bíblia novamente nas igrejas, fizeram a sua tradução para o conhecimento e ensino de todos, negaram a autoridade do papa e da tradição como substituição ou complemento das Escrituras, rejeitaram as heresias que haviam sido introduzidas através dos tempos e voltaram a pregar a salvação somente pela fé em Cristo e não pelas obras.
Isto trouxe um grande reavivamento espiritual e muitas almas foram salvas com a disseminação do conhecimento do verdadeiro Evangelho de Cristo. Mas, infelizmente, essas novas seitas não completaram o trabalho de se voltarem inteiramente ao ensino bíblico, mas retiveram algumas práticas que haviam levado à ruína a seita católica: o clericalismo, o ritualismo, o batismo infantil, e a aliança com o mundo, especialmente com os seus líderes políticos.
A aliança política, como havia antes acontecido com o catolicismo, obrigou essas seitas a se cristalizarem dentro de conceitos politicamente aceitáveis, e a se imporem como a “religião estabelecida”, proibindo a dissensão.

OS ANABATISTAS


Na Alemanha irmãos em Cristo se reuniam em particular independentemente das seitas estabelecidas desde os tempos mais antigos, e ao redor de 1524 muitos se juntaram para declarar a sua independência da religião do Estado, e a sua determinação de continuar com os ensinos das Escrituras em suas igrejas. Também batizaram por imersão todos os crentes que até então não tinham sido batizados como testemunho da sua fé. Foi nesta ocasião que lhes deram o apelido (que recusavam) de “anabatistas” (re-batizadores) e incidiram na pena de morte por causa da sua forma de batismo.

A maioria dos seus líderes foram executados ou morreram no cárcere. Apesar da sangrenta perseguição aos anabatistas por parte de católicos e protestantes, seus sucessores sobreviveram. As igrejas batistas e menonitas de nossos dias vieram das igrejas neo-testamentárias da Alemanha, Suíça, Rússia, e outras partes da Europa, que passaram por aquela experiência. As igrejas batistas e menonitas (nome dado a elas na Holanda por causa de um pastor, ex-padre católico, chamado Menno Simons) ainda mantiveram uma forma branda de clericalismo, mas o ritualismo, o batismo infantil e a união das igrejas com o Estado foram eliminados.

OS QUAKERS

Da igreja anglicana saíram, no século 17, os “quakers”, seguindo as doutrinas de George Fox. Ainda jovem, ele se preocupava com as coisas espirituais e percebia que muitos que se diziam cristãos não praticavam o que diziam crer. Ele deu atenção particular a 1 João 2.27: “a unção que vós recebestes dele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”.
Ele percebeu que Deus não mora em templos feitos por mãos de homens e entendeu que Cristo, tendo morrido por toda a humanidade, iluminava todos com a Sua vida divina e salvadora, e que ninguém podia ser um verdadeiro crente sem acreditar nisso. Ele disse que não aprendeu isso de outros, mas na luz do Senhor Jesus Cristo, e pelo Seu imediato Espírito e poder, como o fizeram antes os homens de Deus pelos quais foram escritas as Escrituras Sagradas.
Muitos se reuniam para ouvi-lo em “reuniões dos amigos”, e estas reuniões se espalharam de lugar em lugar. O apelido “quakers” lhes foi dado e foram duramente perseguidos, aprisionados e punidos, mas a Sociedade de Amigos cresceu apesar disso e logo foram como missionários para as colônias da Nova Inglaterra (nos EUA), Caribe, Holanda e Alemanha. Eles não têm igrejas no sentido do Novo Testamento, pois ser sócio não se baseia em conversão ou novo nascimento, e não observam as ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor.


O METODISMO


No século 18 prevaleciam a infidelidade e a indiferença no que concerne à religião e à moral na Inglaterra. Na alta classe social era moda ser imoral e sem religião, enquanto que as classes inferiores estavam mergulhadas na maior ignorância e pecado. O clero não era nada melhor, com raras exceções, a literatura era ateísta e impura, o alcoolismo era considerado coisa normal, a violência e o crime se viam por toda a parte. Havia uma forte corrente de religião e fé, mas estava escondida por causa do envolvimento da maioria em pecado e do ridículo que se fazia de tudo o que era bom. Os crentes eram poucos e careciam de reavivamento.
No entanto, no principado de Gales, no início desse século, com a ajuda de alguns amigos, um clérigo anglicano chamado Griffith Jones dedicou-se a enviar professores para montar escolas de alfabetização provisórias em várias localidades, para que a população pudesse ler suas Bíblias. Ao fim de vinte anos, quando ele faleceu, já havia três mil professores trabalhando e um terço da população de Gales havia sido alfabetizada.
Também durante esse tempo um jovem chamado Howel Harris pregava o Evangelho ao ar livre, nas casas ou em qualquer lugar disponível. Multidões se converteram, vidas se transformaram e se introduziram os cultos domésticos. Outros pregadores surgiram, tanto “clérigos” como “leigos”, eram perseguidos pelas autoridades civis e religiosas, mas ouvidos por congregações de centenas e até milhares de pessoas.
Em 1729 juntou-se um grupo de estudantes na universidade de Oxford com o fim de encontrarem um meio de salvar as suas almas e viver para a glória de Deus. Eram ridicularizados pelos seus colegas, pois seu modo de vida era completamente diferente ao deles: mantinham regras cuidadosas e ascéticas, visitavam os presos e doentes e ajudavam os pobres. Eles foram denominados pelos inimigos de “Clube Santo” ou “Clube Piedoso”, os “Entusiastas”, ou “Metodistas”. Entre seus fundadores se encontravam João e Carlos Wesley, logo mais tarde George Whitefield.
Os irmãos Wesley foram ordenados como ministros da igreja anglicana, mas ainda procuravam a salvação da sua alma, quando foram para a Georgia (nos EUA) e no caminho encontraram irmãos moravianos que muito os impressionaram. De volta à Inglaterra, John Wesley novamente encontrou moravianos e eventualmente chegou à fé salvadora, junto com seu irmão.
Whitefield, por sua vez também se tornou um ministro anglicano, mas converteu-se através da leitura cuidadosa da Bíblia. Passou a pregar o Evangelho, mas como ia de casa em casa para expor as Escrituras, as igrejas não o convidavam para pregar em seus púlpitos. Foi então pregar nos campos, e multidões vinham para ouvi-lo. Chamou John Wesley para ajudá-lo. Em sua pregação, em um pequeno morro num campo, Wesley teve uma audiência de umas três mil pessoas.
Por questão da doutrina da predestinação, pregada por Whitefield e rejeitada por Wesley, eles mais tarde se separaram. Wesley também se separou dos moravianos, que ele considerava um tanto místicos e quietos, enquanto ele era de natureza prática e agressiva.
Surgiram as “sociedades metodistas”, que se espalharam por toda a Inglaterra seguindo Wesley e o seu arminianismo, e por Gales seguindo Whitefield e o seu calvinismo. Ambos, no entanto, pregavam as mesmas verdades com seus estilos diferentes.
Wesley manteve o clericalismo, o ritualismo e o batismo infantil da seita anglicana em suas igrejas, que são as igrejas metodistas de hoje. Elas têm perdido o evangelismo que as caracterizava no início, e na Inglaterra estão quase vazias, existindo agora um movimento para se incorporarem à igreja anglicana, o que será o seu fim nesse país. Paralelamente, existe uma igreja metodista “wesleyana”, que, ao contrário das metodistas atuais, mantém que a Bíblia toda é a inerrante e verdadeira Palavra de Deus e se afasta do movimento de “união de igrejas” muito em moda agora. Contudo, mantém ainda o clericalismo e o institucionalismo.

AS PERIFÉRICAS

Vimos como pouco depois do seu início, as igrejas de Deus foram prejudicadas com a doutrina dos nicolaítas, o clericalismo, que desenvolveu um ritualismo destruidor da livre compreensão e obediência às Escrituras. Com a Reforma Protestante as igrejas em grande parte se livraram do ritualismo, mas o clericalismo ficou nas maiores instituições.
Enquanto anteriormente as Escrituras haviam sido escondidas, elas agora estavam disponíveis, traduzidas no idioma do povo, a baixo preço para o alcance de todos. O inimigo, portanto, esforçou-se para desacreditá-las.

O Racionalismo moderno

No século 19 surgiu o racionalismo. O racionalismo põe de lado a revelação divina das Escrituras, assume que a mente humana, a Razão, é suficiente para que o homem encontre a verdade e consiga maior bem. O avanço científico sem precedentes deu uma melhor compreensão do trabalho de Deus na criação, mas também fez com que alguns desejassem explicar a criação sem levar em conta a presença de Deus.
Com isso foi necessário provar que o relato sobre a criação dado no livro de Gênesis não veio de inspiração divina, mas da ignorância de homens que, por terem vivido muito antes dos nossos tempos, saberiam muito menos do que nós. À medida que se faziam novas descobertas, novas teorias surgiam sobre como teria sido a criação, culminando com a publicação “A Origem das Espécies” de Charles Darwin em 1859.
Os que vieram a crer na teoria de evolução (que tem sido mudada incontáveis vezes depois de Darwin) abandonaram a fé na Bíblia como livro inspirado palavra-por-palavra por Deus no original. A Bíblia começa pela criação do mundo em seis dias, do homem e do seu pecado original. Se isso não for um fato real, deixa de haver necessidade da sua redenção. Para esses, portanto, o Evangelho não tem sentido, nem o novo nascimento.
Uma ala dos racionalistas entende que não há revelação inspirada, não há um Criador, nem um Filho de Deus que se fez homem por amor de pecadores para que, pela Sua morte e ressurreição, pudesse abrir o caminho de volta a Deus.
Concomitantemente, foi feito outro ataque à Bíblia mediante a crítica do seu texto. Não se pode negar que é de interesse para todos nós o estudo dos novos textos antigos que vieram à tona durante o século 19, a descoberta das circunstâncias históricas e geográficas em que os vários livros da Bíblia foram escritos, bem como o exame do seu conteúdo literário, com isto aprendendo mais sobre a sua origem.
Mas os racionalistas têm feito um exame frio das Escrituras, considerando apenas os seus autores humanos, sem levar em conta o seu Autor divino, e disto surgiram várias teorias estranhas, por exemplo: a existência de autores diferentes de porções bíblicas em cada livro, o obscurecimento da personalidade de Moisés, a rejeição de milagres alegando que surgiram de mau entendimento, a negação da existência de Abraão e outros vultos do Velho Testamento alegando que eram personalidades mitológicas, etc.
Essas teorias levaram muitos a duvidar do texto bíblico, e a adaptar a sua doutrina, reduzindo Jesus Cristo a um bom homem que foi mal entendido, mas um exemplo para ser seguido. Prometem que seus ensinos nos tornarão em melhores pessoas, elevarão a moral e poderão trazer paz universal, prosperidade e espírito de irmandade. A esperança da volta do Senhor para governar o mundo não é deles, pois não crêem na Pessoa que veio.
Em retrospecto, vemos agora que:
  1. O ritualismo acrescentou tradição ao conteúdo bíblico, deu à tradição mais importância e depois escondeu a Bíblia para que ficasse apenas a tradição.
  2. O racionalismo procurou invalidar a Bíblia:
    • aceitando a teoria da evolução das espécies, portanto negando o pecado original por Adão e pondo em dúvida até mesmo a existência de Deus
    • negando a inspiração divina do texto das Escrituras, pondo em dúvida os escritores e relegando a fábulas grande parte do seu conteúdo. Efetivamente tirou porções da Bíblia, minando e destruindo a sua credibilidade.
Tanto o ritualismo como o racionalismo permeiam os seminários e as mentes dos teólogos e ministros das maiores instituições humanas que ainda se chamam cristãs, e impedem os pecadores de encontrarem o Salvador.
A alta crítica trouxe divisões dentro das igrejas anglicanas, presbiterianas, metodistas e outras. As igrejas que permaneceram crentes na inspiração bíblica e obedientes ao seu texto passaram a ser conhecidas como “evangélicas” no século passado, embora continuando com a mesma denominação original.

Os mórmons

Esta não é uma seita cristã, embora adotem o nome de “Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”.
Começou no século 19, nos EUA, com um homem chamado Joseph Smith, analfabeto e de má reputação. Ele não só era um mentiroso destituído de consciência, mas também usava de um linguajar sórdido e se comportava com uma indecência indescritível. Fugindo dos agentes da lei que o procuravam por causa das suas fraudes, ele se instalou fora do alcance deles no estado de Illinois, e ali tomou para si diversas “esposas”. Sendo já fundador e líder da sua “igreja”, ele justificou sua atuação mediante uma “revelação” conveniente, nauseante em seu conteúdo.
Joseph Smith fundou a “igreja” de Mórmon, declarando-se vidente, tradutor, profeta, apóstolo de Jesus Cristo, e ancião da Igreja. Seu fim foi trágico: uma vez, com seu cúmplice chamado Rigdon (um charlatão que começou como pastor batista) teve que fugir da polícia por ter obtido dinheiro fraudulentamente emitindo ações de um banco inexistente. Após mais logros o principal dos seus acompanhantes ameaçou denunciá-lo, o que deu início a uma briga resultando em seu aprisionamento. A multidão, enfurecida, invadiu a prisão e o matou. Infelizmente isso deu aos seus acompanhantes a oportunidade de declarar que ele fora martirizado!
Quando Joseph Smith morreu, Brigham Young, que se denominava “o maior dos doze apóstolos” excomungou seu comparsa Rigdon, e fugiu com os membros da “igreja” em 1847 para o estado de Utah (naquele tempo pertencente ao México) para escapar das leis dos Estados Unidos, contrárias à poligamia e outras práticas. Eles se estabeleceram em Salt Lake City, e Brigham Young morreu em 1877 deixando uma fortuna imensa, 17 esposas e 56 filhos e filhas. Quando Utah passou a pertencer aos Estados Unidos, eles tiveram que se submeter às suas leis, mas a poligamia ainda faz parte de suas doutrinas, e muitos a praticam às escondidas nos países onde as leis não a permitem.
Os mórmons baseiam toda a sua doutrina no que chamam de Livro Sagrado de Mórmon, e no seu Livro das Doutrinas e Alianças.
  1. O Livro de Mórmon foi ditado, segundo dizem, por detrás de uma cortina, por Joseph Smith primeiramente a Martin Harris e depois a Oliver Cowdery, todos norte-americanos. Joseph Smith alegou que um anjo mostrou-lhe onde estavam enterradas umas tabuinhas de ouro escritas em língua desconhecida, e lhe deu dois cristais chamados Urim e Tumim, mediante os quais ele podia ler em inglês o conteúdo das tabuinhas, e isto foi o que ele ditou. Terminado o ditado, disse ele, as tabuinhas e os cristais foram levados pelo anjo, e assim ninguém mais os viu senão ele.
  2. O Livro das Doutrinas e Alianças contém, entre outras coisas, uma nova “revelação” que Joseph Smith disse ter recebido, justificando sua poligamia.
  3. As mais repugnantes “interpretações” são dadas aos fatos e doutrinas bíblicas. Por exemplo, ensinam que Deus é um homem exaltado, sempre melhorando, mas nunca perfeito, feito de carne e ossos como nós; Joseph Smith insistia que Deus o Pai viveu no mundo, assim como Jesus Cristo, e seu sucessor Brigham Young, ainda mais venerado que ele pela “igreja”, esclarece que Adão é Deus, o supremo Deus. E muito, muito mais desse gênero.
Eles dizem que todas as igrejas cristãs são anátema (invertendo o que a Palavra de Deus chama a doutrina deles) e se consideram a única igreja de Deus, à qual todas as nações devem se submeter. Segundo eles, todas as igrejas ensinam doutrina falsa e estão debaixo da maldição de Deus.
No mormonismo existem dois elementos que obrigam seus seguidores a não deixá-lo:
  1. Misticismo: cada Mórmon veste o que chamam de vestidura dotal, contendo algarismos e símbolos de coisas muito importantes para ele. Ele recebe esta vestidura depois de participar de cerimônias secretas em seu templo, e os mórmons não ousam divulgar os segredos que lhes são ensinados ali.
  2. Batismo pelos mortos: uma das suas muitas doutrinas falsas. Consiste no ensino que ninguém pode ser salvo se não for batizado por eles, e que as almas dos mortos podem ser “libertadas” mediante o batismo de uma pessoa viva em seu lugar! Muitas de suas doutrinas, inclusive esta, só é ensinada à medida que o novato vai progredindo em seu discipulado, durante o qual seus mentores o submetem a juramentos e obrigações religiosas e materiais das quais ele dificilmente poderá escapar. É uma autocracia religiosa por parte dos seus sacerdotes que comandam tanto a vida religiosa, como a vida secular, dos que a ela pertencem.
Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências. Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.” (Judas 17 a 21).

AS EXCÊNTRICAS

AS SEITAS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA

Estas seitas tiveram início em meados do século 18 nos EUA com um pregador batista, William Miller, que se tornou obcecado com as profecias de Daniel e do Apocalipse e concluiu que Cristo voltaria entre março de 1843 e março de 1844, e vários pastores e acompanhantes reuniram-se a ele, tão convincentes pareciam os seus argumentos. Quando Cristo não veio, ele fixou outra data, 22 de outubro de 1844. Também nada aconteceu, e isso veio a ser conhecido como o “Grande Desapontamento” entre os adventistas.
Houve dispersão entre os que o seguiam, mas outros continuaram entre os quais Joseph Bates, James White, e sua esposa, Ellen Harmon White. Eram apelidados de “mileritas” naquele tempo. A Sra. White, mediante uma inspiração, explicou uma doutrina básica em que se firmam até hoje:
  • Quando Cristo ascendeu ao céu ele teria passado a ministrar no santuário do templo celeste como os sacerdotes faziam no templo terrestre. Durante dezoito séculos Ele teria feito isso no primeiro apartamento desse santuário.
  • O sangue de Cristo teria assegurado o perdão e aceitação pelo Pai dos crentes arrependidos, mas os seus pecados teriam permanecido nos registros. Seria necessário, continua ela, que houvesse um trabalho de expiação para remover o pecado do santuário.
  • Isto teria acontecido após 2.300 dias, em 1844, quando Cristo teria entrado no Santo dos Santos celeste para completar a última divisão do Seu trabalho de purificação do santuário (o engano de Miller teria sido confundir isso com a volta de Cristo para a terra). Assim, os pecados dos que se arrependem seriam colocados em Cristo, que os deposita no santuário.
  • Posteriormente, antes de serem transferidos para o Santo dos Santos, e serem apagados completamente, seria feita uma investigação nos registros para determinar quem tem direito à expiação, mediante o arrependimento e a fé em Cristo (veja Levítico 17:11; João 3:18; Romanos 3:24; 8:1; Hebreus 9:22; 1 Pedro 1:19).
  • Depois disto Cristo viria para começar o seu reino de mil anos, o que estava iminente.
  • A Sra. Miller disse que foi informada em outra visão que, se guardassem o sábado ao invés do domingo, a vinda de Cristo seria acelerada.
Os “mileritas” fundaram uma instituição com o nome de Adventistas do Sétimo Dia, em 1863, e criam que a Sra. White tinha o dom de profecia; ela viajou pela América, Europa, e Austrália, deu conferências e escreveu livros em abundância.
Inventaram muitas outras heresias, incluindo:
  • Que Satanás carregará os pecados dos penitentes quando for banido da presença de Deus.
  • Que o Senhor Jesus, ao nascer, herdou uma natureza humana pecaminosa.
  • Que ao morrer fisicamente, a alma e o espírito das pessoas ficam inconscientes, pois não podem “funcionar” sem o corpo.
  • Que tanto os pecadores impenitentes como Satanás e seus anjos rebeldes, demônios, etc., estão destinados apenas à aniquilação, que consiste em reduzir a nada, deixando de existir.
No entanto, houve divisões e surgiram outras instituições a partir do “Grande Desapontamento” como resultado direto ou indireto da profecia de William Miller. Entre elas estão os Adventistas Evangélicos (1845), União de Vida e Advento (1862), Igreja de Deus (1866), Conferência Geral da Igreja de Deus (1888), e a Igreja Cristã do Advento. Estes rejeitam os ensinos da Sra. White, bem como os ensinos sobre a observância do sábado e leis sobre dieta. Seu regime é congregacional e coordenam seu trabalho através da Conferência Geral Cristã do Advento da América. Em 1964 fez-se a união entre a Igreja Cristã do Advento e a União de Vida e Advento.

OS RUSSELITAS (que se chamam “testemunhas de Jeová”)

Os que se chamam “testemunhas de Jeová” se baseiam em teorias humanas iniciadas pelo seu fundador, o americano Charles Taze Russel, que publicou sete livros antes de sua morte em 1916. Logo após, houve uma divisão e o grupo maior seguiu a direção de J.F.Rutherford.
O nome atual desta seita foi primeiro assumido por ela em Columbus, Ohio, em 1931. Em 1981 a Sociedade Torre de Vigia, fundada em 1896 e que é o foco da organização, tinha filiais em mais de 100 países e desenvolvia sua propaganda em mais de 250. Sua literatura era distribuída em 110 línguas e se tornou em uma grande disseminadora de propaganda e um desafio ao zelo de todo cristão. Usando de uma interpretação distorcida de certos trechos bíblicos para acomodá-los às suas teorias, eles “proselitisam” mediante visitas de porta em porta, aproveitando-se da confusão que causam aos que estão menos firmes em sua fé.
Eles procuram não se identificar como promotores da seita enquanto não tiverem sua vítima “segura”. Um importante membro da seita que a deixou depois de perceber sua falsidade (W.J.Schnell - Thirty Years a Watchtower Slave) declara: “a liderança da Torre de Vigia percebeu que dentro da cristandade havia milhões de cristãos professos que não estavam firmemente alicerçados nas verdades entregues aos santos e que seriam com facilidade extraídos das igrejas e levados a uma organização da Torre de Vigia nova e revitalizada. A Sociedade calculou, corretamente, que esta falta de conhecimento adequado de Deus e a ampla aceitação de meias-verdades no cristianismo iriam ceder grandes massas de homens e mulheres, se o assunto todo fosse atacado de uma maneira sábia, o ataque mantido, e os resultados contidos, e depois usados novamente em um círculo sempre crescente”.
Embora eles não tenham chegado ao ponto de introduzir acréscimos à Bíblia, sua doutrina exige que se façam distorções do significado do texto bíblico, mais ou menos sutis. Para acomodá-la às suas teorias, eles produziram sua própria tradução da Bíblia (2 Coríntios 4:2; 2 Pedro 3:16). A correção desta tradução é negada veementemente por filólogos conhecedores dos textos originais em hebraico e grego.
Suas heresias são muitas, incluindo a negação da divindade de Cristo, a negação da pessoa do Espírito Santo, a afirmação da inexistência do inferno, a negação da punição eterna e a extinção do diabo.
Eles ensinam que o ser humano, como os animais e as plantas, desaparece ao morrer. Embora criados à semelhança de Deus, todos os seres humanos nascem como pecadores e são da terra (Gênesis 35:8; Eclesiastes 12:7; Mateus 10:28, 26:24, Lucas 9:60, 16:23, Efésios 2:1). Aqueles que seguem a Cristo fielmente até a morte herdarão um reino celeste com Ele, e as pessoas de boa vontade que aceitam Jeová e se submetem à sua autoridade autocrática vão gozar de uma nova terra. Estas duas categorias voltarão à consciência na ressurreição final, e o intervalo entre a morte e a ressurreição eles chamam de “sono da alma”.
Distorcendo as Escrituras, eles dizem que Jesus Cristo já voltou ao mundo em espírito, invisível e desconhecido por todos, salvo os fiéis, no ano 1914, quando Ele expeliu Satanás do céu, está agora desmantelando a organização de Satanás e estabelecendo Seu reino milenar teocrático com sede no Brooklyn, em Nova Iorque. Eles se chamam de “testemunhas de Jeová” porque pensam que são os 144.000 selados por Deus conforme o Apocalipse! (Mateus 24:30; 26:64; Lucas 21:27; Atos 1:11; Judas 14,15; Apocalipse 1:7).

TESTEMUNHO DE UM EX- "TESTEMUNHA DE JEOVÁ"

À Congregação Oficinas da Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados:
Por livre e espontânea vontade, demonstro através desta, o meu desejo de não mais pertencer a essa denominação religiosa. Muito tenho a agradecer por todo companheirismo e preocupação que me foram dispensados nestes últimos 23 anos. Espero que não haja mágoas por esta minha decisão.
Com relação aos motivos que me levaram a tomar esta atitude, gostaria de dizer o que a Bíblia nos diz em João 8:32 ... "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Foi esse o texto que fez mudar a minha maneira de pensar. A Palavra de Deus é bem clara quando fala que a salvação não acontece pelas obras, visto que são imerecidas. A salvação é uma graça de Deus e não pelo fato de se ter um relatório repleto de atividades, ou por não se perder as reuniões, que se garantirá a salvação. Isto não quer dizer que a pregação não é necessária, ao contrário, só que ninguém precisa saber quantas faço no mês.
Ouvia nas reuniões que os fariseus no passado estavam errados por acrescentar fardos à lei mosaica. Será que as TJ's não fazem o mesmo quando proíbem aniversários, Natal, Páscoa etc? Qual é realmente a base bíblica para isso?
Outra coisa, por que não podemos ler nada além das publicações da Torre de Vigia? Eu ensinava nos meus discursos que tínhamos de fazer pesquisas e que não podíamos aceitar o que os homens falavam. Bem, desde criança, é só isso que faço, aceito o que já vem mastigado, porque o "Estudo Perspicaz", a "Ajuda", o "Conhecimento", "A Sentinela", o "Despertai", foram feitos pelas mesmas pessoas? Eu pesquisava muito, mas só em publicações feitas pela Associação.
Outra pergunta à qual não encontrei resposta: "Por que só os TJ's são ungidos"? Será que não existe mais nenhuma pessoa boa no mundo inteiro que acredite em Deus? Estranho, né?
Estranho também o fato de que só quem lê a Bíblia através da "Sentinela" pode entendê-la e só quem utiliza a tradução do novo mundo está certo. Não é muito conveniente criar uma tradução da Bíblia que apóie as doutrinas da minha religião?
E o que dizer das 148 vezes que as TJ's mudaram as suas crenças? Acham que estou exagerando? Então pesquisem, porque nem eu sabia disso.
Eu, às vezes, não consigo acreditar que passei 23 anos da minha vida pensando que somente quem pertence a Associação Torre de Vigia será salvo, e o pior é que eu conhecia de cor o texto de João 14:16 ... "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim". Onde entra a Associação nesse contexto?
João 4:8 fala que "aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor". Hoje não consigo mais identificar onde está o amor na Associação. Fiquei cerca de cinco meses sem ir ao salão, não pedi o meu cartão, e nem um telefonema eu recebi. Minha mãe está do mesmo jeito e só agora ela recebeu uma visita, depois de vários anos.
Enfim, deixando as reclamações de lado, espero do fundo do meu coração, e oro a Deus, para que vocês todos possam experimentar um dia da liberdade e da paz de espírito em que me encontro hoje, e que possam encontrar a salvação através de Cristo Jesus. Leiam a Bíblia e deixem que, não os homens, mas o Espírito de Deus os guie à verdadeira paz e segurança, que aqueles que alcançaram a verdadeira salvação podem obter. "
Vanderlei Augusto Gonçalves Gonzaga, Curitiba (PR), 20/02/2006.
O assinado converteu-se na igreja em Vila Camargo, em Curitiba (PR) e cedeu uma cópia para o irmão David Heringer Furtado para que fosse publicada no "Boletim dos Obreiros", que gentilmente nos autorizou a publicar também.

AS CARISMÁTICAS

O movimento carismático teve início no século 20 nos EUA, e surgiu das chamadas igrejas “de santidade” batistas e metodistas do fim do século 19. Estas se baseavam na crença de que havia uma segunda obra “da graça” que santificava o crente e lhe tirava o desejo de pecar.
O passo seguinte foi argumentar que todo crente deve procurar, depois da sua conversão, uma nova experiência que chamam de “batismo do Espírito Santo” após o qual ele será dotado com dons sobrenaturais como os do início da igreja, no dia de Pentecostes.
Tiveram pouco sucesso no início, quando a evidência do batismo que apresentavam se limitava à “glossolalia”, que é falar de forma não inteligível o que dizem ser as “línguas estranhas” mencionadas na Bíblia, mas as igrejas começaram a se encher quando a notícia correu que também faziam milagres - “curas divinas” - e havia profetas também.
Os pentecostais mais “tradicionais” têm a seu favor o fato de pregarem a necessidade de conversão, exigem a observação de um bom padrão de comportamento e aceitam a autoridade da Bíblia. Desde o início não têm tido uma organização dentro de uma só instituição, mas várias foram fundadas e se multiplicaram na medida em que havia separações e novas eram fundadas.
O movimento carismático atraiu muitos incrédulos, e também um segmento mais pobre das igrejas “protestantes” tradicionais onde predominava uma classe média-alta, fria e sem muita vida. As igrejas pentecostais contrastavam com elas por causa da sua vivacidade, bandas de música, acontecimentos ditos sobrenaturais, prometiam satisfazer os seus desejos espirituais e suas necessidades emocionais, psicológicas e físicas. Também tiveram simpatizantes católicos, fazendo com que as suas instituições formassem a sua própria ala carismática para retê-los.
Nos Estados Unidos seu sucesso foi grande, havendo ainda hoje pregadores de destaque que aparecem constantemente em espetáculos de televisão disseminando as suas doutrinas, insistindo que a propiciação feita por Cristo inclui as doenças físicas e dando notícias de “curas divinas” sensacionais.
No Brasil o sucesso não tem sido menor, tendo mais recentemente propagado junto com a cura divina o exorcismo de demônios. Grandes instituições surgiram, como a IURD, que têm arrecadado fortunas por ainda acrescentar a doutrina chamada “evangelho da prosperidade”, segundo a qual Deus sendo tão poderoso e rico não deseja que seus filhos sejam pobres, mas que participem da riqueza do mundo e quanto mais contribuírem para a instituição maior será a recompensa que se receberá aqui no mundo.
Sem dúvida os malandros e espertalhões viram uma grande oportunidade para ludibriar as multidões e encher seus próprios bolsos à custa da sua crendice, e assim as seitas carismáticas se multiplicam dia-a-dia.
Os carismáticos têm contaminado com as suas doutrinas várias igrejas de outras seitas, causando muito conflito e divisões entre elas. Algumas igrejas independentes neo-testamentárias têm também sofrido com a influência deles sobre os seus membros.

OS PRIMÓRDIOS DAS SEITAS

Nas epístolas do Novo Testamento vamos encontrar os indícios das primeiras seitas que foram se formando, combatidas severamente pelos apóstolos.

OS JUDAIZANTES

As primeiras igrejas foram formadas por judeus e seus prosélitos, elas se reuniam inicialmente no templo de Jerusalém e nas sinagogas. As sinagogas eram, e ainda são, edifícios próprios para a leitura das Escrituras (a Lei e os Profetas), o ensino dos seus preceitos e a oração. A sua origem é muito antiga, pelo menos desde os tempos do cativeiro, quando são citadas no Salmo 74:4,8.
Quando o Evangelho se espalhou pelo mundo conhecido naquele tempo, principalmente com o apostolado de Paulo, lemos no livro de Atos que era primeiro pregado nas sinagogas existentes nas cidades, porque ali as Escrituras eram ensinadas tanto a judeus quanto a prosélitos: a chegada do Messias de Israel, e a mensagem da salvação pela fé nEle, deveria ser logo compreendida.
Os que eram convertidos a Cristo passaram a ser vistos por judeus e gentios como uma seita judaica, a dos nazarenos, e foram sendo expulsos do templo e das sinagogas. Os judeus que rejeitavam a Cristo, ciosos da sua religião tradicional, atacavam os cristãos física e moralmente.
Os judeus cristãos se encontravam diante de um dilema, pois eram pressionados a manter a tradição judaica para satisfazer os seus compatriotas, mas ela não tinha mais razão de ser no Novo Testamento. Essa pressão era tal que muitos vacilaram, e mesmo o apóstolo Pedro mostrou-se um tanto dúbio, sendo por causa disso certa vez repreendido em público pelo apóstolo Paulo (Gálatas 2:14).
Surgiram assim os “judaizantes”, a primeira seita que ameaçou a fé cristã. Professavam ser crentes em Cristo, convertidos ao Evangelho, mas pregavam que os cristãos estavam ainda obrigados a cumprir com o cerimonial judaico, guardando os sábados, dias de festa, mantendo a circuncisão, abstendo-se de alimentos, etc. A fé cristã estava sendo ameaçada de se confinar dentro dos limites de uma seita judaica e de, assim, perder o seu poder e liberdade de trazer o conhecimento da salvação de Deus ao mundo inteiro.
O Senhor Jesus já havia ensinado que o Novo Testamento substituía o Velho, e que não era possível misturá-los: “Ninguém deita remendo de pano novo em veste velha, porque semelhante remendo rompe a veste, e faz-se maior a rotura. Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás, rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam” (Mateus 9:16-17).
O remendo de pano novo em veste velha é como misturar a “lei” e a “graça”: quando a veste velha é lavada, o remendo novo vai encolher e rasgar a veste que já passou pelo processo de encolhimento. Ela vai ficar mais imprestável do que antes. Assim também a colocação de vinho novo em odres velhos provoca o rompimento dos odres por causa da fermentação do vinho novo. Os odres velhos não têm mais elasticidade. A vida e a liberdade do Evangelho arruínam os preceitos e rituais fixos da lei de Moisés.
A utilidade do Velho Testamento, com a lei de Moisés, estava no fim, e o Senhor Jesus não veio para lhe dar continuidade mediante alguns remendos, pois estes só podiam piorar a sua situação. O Velho Testamento não podia conter o Evangelho da salvação unicamente mediante a fé na obra redentora de Cristo.
O Senhor Jesus veio para introduzir uma veste totalmente nova, um vinho completamente novo, para substituir de uma só vez o que existia naquela época. O apóstolo João resume assim: “a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”.
Os ensinadores da seita dos judaizantes foram severamente censurados pelo apóstolo Paulo na epístola aos Gálatas, e chamados de “falsos irmãos” porque “se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão” (Gálatas 2:4). A epístola aos Hebreus mostra que o sacerdócio mosaico e o ritual dos sacrifícios da lei eram apenas figuras da realidade que se vê em Cristo e, portanto, foram totalmente superados por essa realidade.
OS GNÓSTICOS
Ao se espalhar pelos países de cultura grega, o Evangelho encontrou outro inimigo que adentrou pelas suas fileiras: a filosofia grega.
A filosofia (procura da verdade) grega, procurando definir a divindade, explicar a natureza e fornecer orientação para a conduta humana, fazia uso de todas as religiões do mundo conhecido para compor a gnose ou “conhecimento”. Surgia um sistema filosófico atrás de outro, e eram discutidos calorosamente. Os sistemas, em sua maioria, juntavam alguns princípios judeus e pagãos, mais tarde também cristãos, com material de várias origens.
Organizavam-se escolas onde o ensinamento era transmitido, interpretado e mantido em segredo, o que chamavam de “mistério”. Freqüentemente ensinavam a existência de dois deuses ou princípios, a Luz e a Escuridão, um Bom e o outro Mau. O que era material seria produto do poder das trevas e estava debaixo do seu controle; o que era espiritual era atribuído ao deus superior, o da Luz.
Havia muito desacordo entre os grupos com respeito à importância de rituais, alguns praticando eucaristias pseudo-cristãs e batismos, e outros rejeitando todos os aspectos de adoração convencional, oração, jejum e esmolas. Suas noções sobre ética variavam muito. Essas especulações e filosofias contribuíram para a existência de muitas heresias que, desde logo, invadiram igrejas cristãs e foram combatidas nas epístolas de Paulo e João, quando falam dos “falsos mestres”.
É de se notar que na epístola aos Colossenses, capítulo 2, os primeiros 15 versículos ensinam que Cristo é a resposta à filosofia, e o restante do capítulo que Ele é a resposta ao legalismo. Os gnósticos e os judaizantes são as primeiras seitas que ameaçaram o cristianismo com as suas heresias, e veremos que ambas persistem, em várias formas, até hoje.
  • A carnalidade - Além dessas seitas vindas de fora, que seriam os primeiros pássaros da parábola do grão de mostarda, encontramos um início de seitas dentro da igreja de Corinto, o fermento que a mulher da parábola coloca em três medidas de farinha: houve contendas entre os membros, levando à formação de grupos, cada um dos quais dizia ser de determinado mestre da igreja - Paulo, Cefas, Apolo e … Cristo! O acontecimento mereceu uma severa exortação de Paulo: “Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10). Mais adiante ele volta ao assunto e declara que por haver inveja, contendas e dissensões na igreja, eles mostravam que ainda eram carnais, “meninos em Cristo”, incapazes de receber alimento espiritual. Eles não compreendiam ainda que os seus mestres eram apenas instrumentos na mão de Deus para a igreja. A igreja não pode ser dividida assim, pois é Deus quem dá o crescimento a ela, sendo ela a Sua lavoura e Seu edifício (1 Coríntios 3:3-7).
  • O clericalismo - Os gnósticos chegaram ao auge no século 2 d.C, e, em seu combate, muitas igrejas se refugiaram no poder e controle episcopal, junto com o clericalismo que veio modificar e prejudicar seriamente o caráter das igrejas. O clericalismo surgiu já no fim do primeiro século da era cristã. É mencionado em duas cartas às igrejas do Apocalipse, a de Éfeso e a de Pérgamo, sob o nome de “práticas dos nicolaítas” e “ensinos dos nicolaítas”, práticas estas odiadas pelo Senhor Jesus (Apocalipse 2:6). Na língua grega, em que as cartas foram originalmente escritas, nicolaítas são aqueles que “conquistam, para dominar o povo”. Segundo os historiadores, já havia naquele tempo uma tentativa para estabelecer uma ordem religiosa de homens que se colocariam em posição de domínio sobre as igrejas, uma espécie de ordem sacerdotal, mais ou menos segundo o modelo judaico. Eles encontraram resistência em Éfeso, mas tiveram sucesso em Pérgamo. A atitude deles era como a de Diótrefes (3 João 9-11).
Os falsos mestres proliferavam, confundindo as igrejas, especialmente com a filosofia grega dos gnósticos, e os princípios da religião judaica. Foram combatidos pelos apóstolos e as suas epístolas, como as temos, eram copiadas e circuladas pelas igrejas. Segundo nos contam os historiadores, Pedro foi executado no ano 65 e Paulo poucos anos depois, sendo Jerusalém destruída, e tudo que ali havia, pelos romanos no ano 70. João concluiu as Escrituras do Velho e Novo Testamento com o seu Evangelho, suas epístolas e o Apocalipse perto do fim do século.
No entanto, eram abundantes os outros escritos que circulavam, notadamente inferiores em seu conteúdo ao que Deus inspirou e que encontramos na Bíblia. Um dos primeiros, e ainda conservados, foi escrito por Clemente, um presbítero de Roma, à igreja em Corinto, ainda durante a vida do apóstolo João. São citadas muitas passagens do Velho Testamento, bem como do Novo, comprovando como as Escrituras estavam sendo circuladas. Mas, em sua carta, já se nota uma distinção feita na igreja dele em Roma entre o clero e os leigos, tirada das ordenanças do Velho Testamento.
Até aproximadamente o ano 170 d.C. as igrejas haviam sido fundadas em sua maior parte pelos apóstolos, principalmente Paulo e Pedro; até 96 a.D. os cristãos eram ainda legalmente considerados uma seita do judaísmo (Atos 24:14), religião tolerada pela lei romana. As igrejas rejeitavam os falsos apóstolos que se apresentavam com novas doutrinas, bem como, em grande parte, o clericalismo incipiente. No entanto, o amor original foi se esfriando e a noção da irmandade entre os crentes, como numa família, foi sendo aos poucos olvidada; a conformidade com o mundo e a sua maneira de vida aumentou, os nicolaítas tiveram sucesso em alguns lugares e uma organização de igrejas chamando-se católicas (universais) começou a se desenvolver.

ORAÇÃO PARTICULAR

"Tu, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto te recompensará" Mateus 6.6

"Graças a Deus, agora tenho um quartinho que é realmente meu" – disse um crente – "um quartinho onde posso entrar, fechar a porta e passar um tempinho a sós com Deus!" Ele falou como se tivesse herdado um palacete, mas era somente um pequeníssimo quarto de sótão. Porém, bastava – pois ali podia afastar-se do mundo e reunir-se tranqüilamente com Deus.
Como filhos de Deus, e sacerdotes para Deus, podemos exercer os nossos direitos de acesso a Deus em oração particular, por Jesus Cristo nosso Senhor. Todos os crentes concordam sobre a necessidade e a importância da oração, mas quantas vezes acontece que as nossas reuniões de oração, tanto na freqüência como no poder, são as mais fracas de todas? Qual será a razão disto?
Creio que a resposta será, que há entre os crentes uma grande falta de oração particular, oração a sós com Deus. É na negligencia da falta de oração secreta que começa todo o relaxamento espiritual. Não é verdade que gastamos mais tempo lendo o jornal diário e as revistas mundanas do que passamos em oração com Deus? Disse um grande escritor cristão: "A oração secreta é a obra mais puramente espiritual de todas as obras humanas". Infelizmente, para muitos este tipo de oração é um dever penoso que se pratica somente em tempos de dificuldade ou aperto especial. Porém não deve ser assim, para uma alma sadia.
A oração não consiste em obtermos de Deus coisas que Ele parece sem vontade de dar-nos; não é uma espécie de encantamento para dirigir as ações de Deus. A oração é comunhão COM Deus; por ela entenderemos melhor os Seus caminhos, e seremos feitos mais semelhantes a Ele; os outros verão em nós os frutos dessa comunhão – o rosto de Moisés brilhou!…
Dediquemos uma hora e um lugar para a oração particular. Deus mesmo junto conosco, esperará com prazer aquela hora. Custar-nos-á tempo, pois a intimidade com Deus não se faz por cinco minutos apressados de manhã ou de noite. Na verdade, podemos orar rapidamente a Deus em qualquer hora ou emergência, como Neemias na presença do imperador persa (Neemias 2.4); mas a capacidade de orar efetivamente assim, numa emergência, só vem pela prática constante da oração particular em secreto; isto nos mantém no espírito de oração o qual é o verdadeiro "orar sem cessar" de 1ª Tessalonicenses 5.17.
Deve haver também a perseverança, pois "os homens deviam orar sempre e nunca esmorecer" (Lucas 18.1). Aguardemos as respostas, pois "aquele que se aproxima de Deus deve crer que Ele se torna galardoador dos que O buscam" (Hebreus 11.6). Tomemos contudo, cuidado – "Se eu guardar iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá" (Salmo 66.18); outrossim, se eu mantiver um espírito duro e irreconciliável contra um irmão ofendido, eu não me sentirei muito bem na presença do meu Deus – "Vai reconciliar-te primeiro com teu irmão" (Mateus 5.24).
"Um quartinho, realmente para mim e Deus!"… Um oratório onde Ele pode "ouvir a minha voz" e eu ouvir a Sua (Cantares 2.14). Outras coisas podem nos chamar, mas devem esperar; o encontro com o Pai, em secreto, tem que se realizar primeiro.

ORAÇÃO PÚBLICA

Fazem-se perguntas sobre oração que podem nos porecer superficiais, mas concernem assuntos que são levados a sério e dão origem a regras e costumes em algumas igrejas.
Estamos acostumados a nos aprofundar no assunto da importância da oração em nossa vida cristã, e muitos autores têm sentido a necessidade de escrever sobre esse assunto. Mas também é útil refletir sobre algumas questões simples e práticas para nos ajudar a oferecer orações públicas bem coordenadas e inteligentes, para benefício dos que nos estão ouvindo e que esperamos dirão “Amém” depois da nossa oração (1 Coríntios 14:16).
Em nossa língua, em seu sentido gramatical uma oração é a expressão feita por uma pessoa mediante uma simples sentença. Mas quando a oração é dirigida a Deus, damos um significado especial a essa palavra, para abranger todo o teor da comunicação que Lhe fazemos.
De uma maneira geral, em uma oração a Deus podemos dar, pedir, ou agradecer:
  • Em oração damos-Lhe “adoração” (Filipenses 3:3), por exemplo, exaltando os Seus atributos divinos, ou oferecemos-Lhe sacrifícios de “louvor” (Hebreus 13:15) quando, por exemplo, lembramos a suprema misericórdia, justiça e graça manifestadas ao nos dar o Seu Filho.
  • Se vamos rogar-lhe alguma coisa para nós próprios, estaremos apresentando uma “petição”, mas se for para outros dizemos que é uma “intercessão”. Às vezes rogamos alguma coisa para os outros que será de benefício para nós ou para a obra de Deus (1 Timóteo 2:1,2).
  • Ao agradecer-lhe pelas suas muitas misericórdias e atendimento às nossas necessidades, bem como às respostas às nossas petições damos “ações de graças” (2 Coríntios 9:10-14, Filipenses 4:6). Devemos ser agradecidos (Colossenses 3:15).
Quando nos reunimos como igreja, a congregação deve ser dirigida em oração por um ou mais irmãos em sucessão, não orando todos audivelmente ao mesmo tempo: cremos que isto está de acordo com o ensino em 1 Coríntios 14. Os que falam,  não o fazem por si próprios, mas pela congregação toda (as orações particulares são feitas "em secreto" - Mateus 6:6).
A fim de que haja "um só espírito, uma só alma” (Filipenses 1:27), as orações devem corresponder ao motivo da reunião. por que os irmãos estão congregados,. Se for para adoração, como na Ceia do Senhor, a oração deve ser de adoração e louvor. Em outras ocasiões os motivos serão outros. No entanto, seja qual o motivo, a adoração e o louvor sempre têm o seu lugar no início, conforme o modelo que nosso Mestre o Senhor Jesus, nos ensinou (Mateus 6:9).
Em que posição devemos orar? Na Bíblia encontramos diversas atitudes físicas adotadas por pessoas que se dirigem a Deus em oração: prostrados (Mateus 26:39), ajoelhados (Efésios 3:14), de pé (Mateuws 11:25), de olhos abertos (João 17:1), com mãos levantadas (1 Timóteo 2:8); não lemos sobre alguém que estivesse assentado. A atitude física que adotamos em público anuncia aos que estão presentes a nossa reverência a Deus, e em particular reflete a nossa atitude submissa para com Ele. Sabemos que Ele conhece os nossos corações, melhor do que nós próprios, e embora nossa atitude física e palavras sejam sem relevância para nossa comunicação com Ele, é bom que manifestem a natureza do que está em nossa mente, como em toda conversa.
O versículo 8 de 1 Timóteo 2, tem sido pedra de tropeço para alguns. Ele trata especificamente dos homens que dirigem a oração no culto público. Levantar as mãos ao orar era, segundo nos informam, uma postura comum naquela época, bem como outros atos feitos em público. Lemos que o Senhor Jesus levantou as suas mãos para abençoar seus discípulos em Betânia (Lucas 24:50).
Às vezes, para entender bem um versículo, podemos tirar as vírgulas (que não estão no texto original). Neste caso, numa tradução sem vírgulas leríamos: “Quero portanto que os homens orem em todo lugar levantando mãos limpas apartados de ira e contestação”. Conforme a colocação das vírgulas, a ênfase muda. Por exemplo, poderia ser: “Quero, portanto, que os homens orem, em todo lugar levantando mãos limpas, apartados de ira e contestação”. Lendo assim, pode-se ver que não se trata de um mandamento para que se levantem as mãos ao orar. É perigoso basear-se num versículo isolado para formar uma doutrina, sem ter o apoio de outras partes da Bíblia. Infelizmente essa prática tem levado alguns crentes ao ponto de se separarem dos demais por causa de algum entendimento particular.
O desejo expressado por Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, é que os homens tenham suas mãos limpas, moral e espiritualmente, e que estejam isentos de raiva ou discórdia, digamos rixas (Filipenses 2:14), quando forem dirigir as orações da igreja em público. Levantadas ou não, o importante é que as mãos estejam puras, tendo sido usadas apenas para as boas obras. Algumas Bíblias traduzem como “santas”, e isso quer dizer mãos dedicadas ao serviço do Senhor. Não devemos orar em público se as nossas mãos não foram ainda dedicadas ao Senhor.
Só devem orar em público aqueles que já confessaram os seus pecados, que não têm amargura em seus corações contra Deus ou os seus irmãos, e que se chegam com fé, crendo que Deus vai ouvir e responder (Mateus 21:22).
E se orarmos por um fato já consumado, que acontece? É uma situação incongruente, mas não é rara: pode haver um pedido particular de oração por alguma situação ou alguma enfermidade e os irmãos, às vezes a igreja toda, fazem intercessão contínua a esse respeito em suas orações. A resposta chega sem que os que estavam intercedendo sejam informados, e as intercessões continuam, agora inutilmente.
É importante, mesmo que seja por simples cortesia, que os pedidos de oração sejam acompanhados de informações oportunas sobre mudanças na situação e a sua eventual solução, para que se possam também dar ações de graças pela resposta tida da parte de Deus. Também, se estivermos orando por alguém, devemos acompanhar a sua situação para sabermos melhor sobre o que orar.