Levítico 10
10.1 — Nadabe e Abiú eram os filhos mais velhos de Arão. Eles acompanharam Moisés, junto com Arão e os setenta líderes, na subida ao monte Sinai e viram Deus (Ex 24.1,9-11). Os irmãos também participaram, em companhia do pai, dos primeiros sacrifícios registrados no capítulo 9 de Levítico. Até então, obedeceram a Deus, e Ele aceitou tudo o que tinha sido feito naquele dia. Contudo, posteriormente, Nadabe e Abiú desonraram a santidade divina de alguma forma, porém o autor de Levítico não explica em detalhes o acontecido. Ele apenas diz que os dois levaram fogo estranho perante a face do Senhor. Neste sentido, duas ideias podem ser concebidas aqui. Levítico 16.12 indica que, pelo menos para o Dia da Expiação, o incenso deveria ser queimado com as brasas do altar do holocausto. Se isto também era válido para outras ocasiões, estranho pode sugerir que os dois sacerdotes não usaram o fogo do altar, e sim de uma fonte ilícita. A segunda ideia vem do fato de que estranho é um termo usado normalmente para estrangeiros, incluindo os estranhos deuses pagãos. Arão (o pai de Nadabe e Abiú) moldou um estranho deus, o bezerro de ouro (Ex 32.4). E possível que eles estivessem seguindo o exemplo de seu genitor incorporando a adoração de um deus pagão neste caso, no exato momento em que Israel estava começando a adoração a Yahweh de acordo com as normas que Ele indicara. A expressão o que lhes não ordenara contrasta com a plena obediência aos comandos divinos registrados nos capítulos 8 e 9 de Levítico. Qual quer que tenha sido a situação, a atitude dos irmãos foi claramente desobediente, e eles sabiam disso.
10.2 — O fogo [que saía] de diante do Senhor era uma forma de punição. Em Levítico 9.24, dois versículos antes, vimos que o fogo vinha do Senhor em aceitação a Israel e à sua adoração. O que é uma bênção quando se trata do resultado de atitudes fiéis pode ser mortal se provocado pela desobediência. Esse fogo consumiu Nadabe e Abiú, ou seja, matou-os. Seus primos os puxaram pelas túnicas e levaram-nos para serem sepultados fora do acampamento (v. 5). A morte deles foi o resulta do de uma ação que não condizia com os procedimentos ordenados pelo Senhor. Deus é zeloso, e não gosta que as pessoas sejam infiéis a Ele.
10.3 — Serei santificado naqueles que se cheguem a mim. Neste contexto, Deus se referia a Arão e seus filhos. Aqueles que estavam mais próximos do Senhor - os que ministravam a Ele e ensinavam às pessoas - tinham a grande responsabilidade de serem cuidadosos com as coisas e os ritos santos. Tiago enfatiza este princípio em sua carta (Tg 3.1). Ao dizer serei glorificado diante de todo o povo, Deus nos forneceu um ótimo conceito para medirmos nossa adoração a Ele. Tudo o que não glorifica Deus não faz parte da verdadeira adoração e não deve ser incluído em nossa vida. Em vez de replicar as palavras do Senhor ditas por Moisés, Arão calou-se. Apesar de o sumo sacerdote estar sofrendo com a súbita morte de seus dois filhos, Arão reconheceu que a atitude deles foi um ato de rebeldia contra Deus. Se tal posicionamento não tivesse sido punido com a morte instantânea, teria se espalhado e corrompido a sagrada adoração de Israel. O luto de Arão pode ter sido intensificado pela lembrança de sua própria desobediência aos princípios divinos, no dia em que este moldou o bezerro de ouro (Ex 32), coisa certamente testemunhada pelos seus filhos.
10.4 — Tirai vossos irmãos de diante do santuário. Apesar de os sacerdotes serem proibidos de ter contato com cadáveres, o corpo de um irmão era uma exceção a esta regra (Lv 21.1-4). No hebraico, a palavra para irmãos também inclui os primos, como acontece aqui. Assim, Moisés chamou os primos de Arão para levar os mortos, Nadabe e Abiú, para fora do arraial. Sua família apenas começara a executar seus deveres sacerdotais e a desobediência já tinha causado duas mortes.
10.5 — Levaram-nos... como Moisés tinha dito. Isso significa que o padrão de obediência, inter rompido por Nadabe e Abiú, foi restabelecido.
10.6,7 — Arão e seus outros filhos foram proibidos de guardar luto pelas mortes porque eles precisavam permanecer em um estado de pureza. Da mesma forma, não podiam fechar os olhos para o pecado de Nadabe e Abiú, pois assim se riam também destruídos, e o povo ficaria sem sacerdotes para interceder por ele junto a Deus. Entretanto, todas as outras pessoas podiam chorar por aqueles que o Senhor destruiu.
10.6 — Não descobrireis as vossas cabeças, nem rasgareis vossas vestes. Estes eram os sinais comuns de luto (Ez 24.16,17).
10.7, 8 — E falou o Senhor a Arão. Esta é a única vez em Levítico que Deus fala com Arão sozinho.
10.9-11 — O autor não diz se a embriaguez contribuiu para o pecado dos irmãos. Mas, este fator certamente influiria em casos futuros, se os sacerdotes bebessem enquanto executassem seus deveres, coisa que atrairia sobre eles a mesma punição que foi infligida a Nadabe e Abiú. Exercer o ministério perante o altar e ensinar aos israelitas todos os decretos exigiam o pensamento claro e a memória perfeita. O álcool não podia de forma alguma prejudicar o exercício santo dos sacerdotes.
10.10 — Fazer diferença entre o santo e o profano. Esta distinção foi o objeto das instruções anteriores acerca dos sacrifícios e de seu implemento inicial (capítulos 1—9). Neste sentido, o imundo e o limpo serão apresentados e ensinados nas próximas instruções acerca de animais, doenças, fluidos corporais etc. (capítulos 11— 15).
10.11-13 — Na época do Antigo Testamento, os sacerdotes eram os principais responsáveis por ensinar aos filhos de Israel todos os estatutos [de Deus]. Os pais, por sua vez, eram as pessoas encarregadas de ensinar aos seus filhos (Dt 6.6- 9,20- 25). Além de serem designados para transmitir as instruções divinas ao povo, Arão e seus filhos teriam de comer a oferta de manjares no lugar santo, ou seja, dentro do tabernáculo. [Para as instruções a respeito das ofertas de manjares, veja Levítico 2.10.]
10.12-15 — Moisés tomou cuidado ao repassar as instruções divinas (acerca das porções dos sacerdotes vindas das ofertas), para que estas fossem conduzidas de forma a evitar outra tragédia parecida com a que acontecera. Quando um novo comando era dado, a sua primeira execução tinha uma grande importância simbólica. Os sacrifícios foram oferecidos, e Moisés queria ter a certeza de que os sacerdotes tinham comido as porções que lhes eram destinadas.
10.14 — Lugar limpo era um local que não havia sido poluído por (ou cerimonialmente limpo de) todos os tipos de impureza descritos nos capítulos 11—15. Esta área não ficava especificamente perto do tabernáculo, onde algumas das porções dos sacerdotes tinham de ser comidas, mas presumivelmente era a moradia do sacerdote ou outro lugar puro na parte interna do acampamento (antes de eles chegarem à Terra Prometida) ou dentro da terra (após lá chegarem). Quanto ao comando comereis [...] tu e tuas filhas, o direito das mulheres de comer as porções das ofertas nas famílias dos sacerdotes é descrito de forma mais completa em Levítico 22.10-13. Para informações acerca das ofertas movidas e alçadas, veja Levítico 7.32,33.
10.15 — Moisés reassegurou ao seu irmão que Deus iria permitir que Arão continuasse servindo como sumo sacerdote, apesar do pecado e da morte de seus dois filhos.
10.14 — Lugar limpo era um local que não havia sido poluído por (ou cerimonialmente limpo de) todos os tipos de impureza descritos nos capítulos 11—15. Esta área não ficava especificamente perto do tabernáculo, onde algumas das porções dos sacerdotes tinham de ser comidas, mas presumivelmente era a moradia do sacerdote ou outro lugar puro na parte interna do acampamento (antes de eles chegarem à Terra Prometida) ou dentro da terra (após lá chegarem). Quanto ao comando comereis [...] tu e tuas filhas, o direito das mulheres de comer as porções das ofertas nas famílias dos sacerdotes é descrito de forma mais completa em Levítico 22.10-13. Para informações acerca das ofertas movidas e alçadas, veja Levítico 7.32,33.
10.15 — Moisés reassegurou ao seu irmão que Deus iria permitir que Arão continuasse servindo como sumo sacerdote, apesar do pecado e da morte de seus dois filhos.
10.16 — Moisés era a pessoa responsável por cuidar para que o pecado de Nadabe e Abiú não fizesse com que outras punições recaíssem sobre Israel. No entanto, quando o profeta buscou o bode da expiação, este já era queimado por Eleazar e Itamar. A carne da oferta pelo pecado, se não fosse pelo próprio sacerdote ou por todo o povo, não deveria ser completamente queimada. A penas sua gordura tinha de ser consumida pelo fogo (Lv 4.26,31,35). Moisés indignou-se grandemente, pois muita coisa já tinha dado errado. Os cultos de adoração estavam sendo conduzidos inadequadamente. O que mais Deus poderia fazer por causa deste outro erro?
10.17,18 — Os sacerdotes deveriam comer a carne (exceto a gordura) de qualquer oferta pelo pecado cujo sangue não tivesse sido [levado] para dentro do santuário — isto é, de toda oferta que não tinha por objetivo expiar seus próprios pecados (Lv 4.5-7,16-18). Em vez de fazer isso, Eleazar e Itamar queimaram todo o bode da oferta pelo pecado.
10.19 — Moisés falou com Eleazar e Itamar, talvez por respeito a seu irmão mais velho, uma vez que este também deveria ter comido a carne da oferta pelo pecado. Mas Arão respondeu, as sumindo a responsabilidade por sua família, como era o costume na sociedade patriarcal de Israel. Ao dizer tais coisas me sucederam, Arão estava referindo-se às mortes de seus dois filhos mais velhos. Ele não comeu a oferta pela expiação do pecado porque temia as coisas que Deus podia fazer. O irmão de Moisés não estava sendo rebelde, como foram seus filhos no caso da queima do incenso. Arão estava usando o argumento de que, em circunstâncias como a que ele enfrentou aquele dia, Deus preferiria que o sacerdote erras se por precaução do que por presunção. A respos ta de Arão a Moisés mostra que a interpretação da Lei não tinha apenas um lado.
10.20 — E Moisés, ouvindo isto, Arão foi aceito aos seus olhos. A revolta nasce de um coração que não está corretamente direcionado a Deus. Moisés reconheceu que a falha de Arão não foi rebel dia, que seu argumento tinha consistência, e Arão foi perdoado. A primeira grande crise na instituição da adoração de Israel tinha passado.
10.19 — Moisés falou com Eleazar e Itamar, talvez por respeito a seu irmão mais velho, uma vez que este também deveria ter comido a carne da oferta pelo pecado. Mas Arão respondeu, as sumindo a responsabilidade por sua família, como era o costume na sociedade patriarcal de Israel. Ao dizer tais coisas me sucederam, Arão estava referindo-se às mortes de seus dois filhos mais velhos. Ele não comeu a oferta pela expiação do pecado porque temia as coisas que Deus podia fazer. O irmão de Moisés não estava sendo rebelde, como foram seus filhos no caso da queima do incenso. Arão estava usando o argumento de que, em circunstâncias como a que ele enfrentou aquele dia, Deus preferiria que o sacerdote erras se por precaução do que por presunção. A respos ta de Arão a Moisés mostra que a interpretação da Lei não tinha apenas um lado.
10.20 — E Moisés, ouvindo isto, Arão foi aceito aos seus olhos. A revolta nasce de um coração que não está corretamente direcionado a Deus. Moisés reconheceu que a falha de Arão não foi rebel dia, que seu argumento tinha consistência, e Arão foi perdoado. A primeira grande crise na instituição da adoração de Israel tinha passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário