A promessa da terra
Uma das doutrinas mais populares e mais difundidas no mundo religioso hoje é chamada de Pré-milenarismo ou, às vezes, de Dispensacionalismo. Sua popularidade pode ser vista num livro recente que lida com uma fase da doutrina. Na sobrecapa desse livro diz que 40.000.000 de cópias foram vendidas. Embora há muitos lados para a doutrina, basicamente ela alega que entre a segunda vinda de Cristo e o fim do mundo haverá um reino literal de Cristo por 1.000 anos na terra em Jerusalém. Já que aquele período não ocorreu ainda, estamos vivendo no tempo antes de ocorrer, conseqüentemente pré-milenar. A palavra milenar vem do latim e significa um mil, assim a idéia de pré-milenarismo. Envolvido nisso é a idéia que Deus prometeu a Abraão, e principalmente aos seus descendentes (os judeus), a terra de Canaã (Palestina). Também alega que essa promessa nunca foi cumprida por inteiro e que será cumprida no futuro.
Vamos considerar as promessas a Abraão. Basicamente há três: 1. Terra, 2. Uma nação de descendentes numerosos, 3. Promessa espiritual ou de descendência. A promessa da terra está em Gênesis 12. Esse capítulo conta do chamado de Deus para Abraão deixar seu país e parentes e ir a uma terra que Deus lhe mostraria. Em obediência a este, Abraão foi à terra de Canaã (12:5). Aqui Deus disse a Abraão, “Darei à tua descendência esta terra” (12:7). Depois a promessa estendeu-se em Gênesis 15:18-21 onde Deus disse a Abraão “À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates”. A segunda parte da promessa, descendentes numerosos, é encontrada no 13:16 onde Deus disse a Abraão, “Farei a tua descendência como o pó da terra” e “como as estrelas dos céus” (15:5). A promessa de descendência “espiritual” encontra-se no 22:18, “nela [na sua descendência] serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz”. Estas promessas são muito importantes. Na verdade, o resto da Bíblia se desenvolve nelas; o Velho Testamento nas primeiras duas e o Novo Testamento na terceira.
Alegam que estas promessas nunca foram cumpridas, mas isso é uma alegação falsa. O cumprimento da promessa de terra pode ser visto quando os israelitas entraram na terra de Canaã após o êxodo de Egito e quarenta anos no deserto. Em Josué 1:4-6 Deus assegurou aos israelitas que ele daria a eles “a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais”. Após sua entrada na terra, a Bíblia diz, “Desta maneira, deu o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela. O SENHOR lhes deu repouso em redor, segundo tudo quanto jurara a seus pais; nenhum de todos os seus inimigos resistiu diante deles; a todos eles o SENHOR lhes entregou nas mãos. Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu” (Josué 21:43-45).
Além disso, pode ser visto que depois a “promessa estendida de terra” de Gênesis 15:18-21 se cumpriu nos dias de Salomão. 1 Reis 4:21 diz: “Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito; os quais pagavam tributo e serviram a Salomão todos os dias da sua vida”. Veja também o versículo 24.
Depois em Neemias 9:7-37 há uma história breve e resumida do procedimento de Deus com Israel. Nos versículos 7-8 achamos a seguinte afirmação, “Tu és o SENHOR, o Deus que elegeste Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão. Achaste o seu coração fiel perante ti e com ele fizeste aliança, para dares à sua descendência a terra dos cananeus, dos heteus, dos amorreus, dos ferezeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e cumpriste as tuas promessas, porquanto és justo”.
A promessa da terra (2)
No artigo anterior a este, enfatizei a importância das promessas que Deus fez a Abraão. Basicamente, são três: 1. A terra de Canaã (Gênesis 12:7), que depois se estendeu a incluir toda a terra desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates (Gênesis 15:18); 2. Descendência numerosa (Gênesis 15:5); e 3. Na descendência de Abraão todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gênesis 22:18).
Deve ser enfatizado que, em resposta à pergunta de Abraão, Deus garantiu que o cumprimento da promessa da terra não seria para Abraão pessoalmente. Certamente, ele morreria (Gênesis 15:15), e seus descendentes receberiam a terra após ficar na escravidão no Egito por 400 anos (Gênesis 15:13). Assim foi depois de 400 anos que Moisés levou os israelitas fora do Egito em direção à terra prometida (Êxodo 12:40-41; Atos 7:17). Após uma passagem de 40 anos no deserto, os israelitas, sob a liderança de Josué, entraram na terra prometida. E, antes da morte de Josué, Deus enfatizou que “deu o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela” (Josué 21:43; Neemias 9:8). Depois, nos dias de Salomão, a Bíblia diz: “Dominava Salomão sobre todos os reinos desde o Eufrates até à terra dos filisteus e até à fronteira do Egito” (1 Reis 4:21). Assim foi que Deus cumpriu a promessa da terra aos descendentes de Abraão.
Enquanto é verdade que Deus deu a terra que prometeu aos filhos de Israel, é importante observar que mesmo depois de eles conseguirem a terra, a sua permanência na terra tinha a condição de servirem fielmente a Deus. Há numerosas Escrituras que afirmam isso. Vamos ver apenas algumas. “Se te esqueceres do SENHOR, teu Deus, e andares após outros deuses, e os servires, e os adorares, protesto, hoje, contra vós outros que perecereis” (Deuteronômio 8:19). “Quando violardes a aliança que o SENHOR, vosso Deus, vos ordenou, e fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, a ira do SENHOR se acenderá sobre vós, e logo perecereis na boa terra que vos deu” (Josué 23:16). “Porém, se vós e vossos filhos, de qualquer maneira, vos apartardes de mim e não guardardes os meus mandamentos e os meus estatutos, que vos prescrevi, mas fordes, e servirdes a outros deuses, e os adorardes, então, eliminarei Israel da terra que lhe dei...” (1 Reis 9:6-7). É óbvio que ficar com a terra dependia da sua fidelidade.
Mesmo uma leitura casual do Velho Testamento mostra que não foram fiéis. Por favor, observe estas passagens:
Jeremias 7:24 “...Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno; andaram para trás e não para diante.”
Jeremias 25:8-9 “...Portanto, assim diz o SENHOR dos Exércitos: Visto que não escutastes as minhas palavras, eis que mandarei buscar todas as tribos do Norte, diz o SENHOR, como também a Nabucodonosor, rei da Babilônia, meu servo, e os trarei contra esta terra, contra os seus moradores e contra todas estas nações em redor, e os destruirei totalmente...”
Jeremias 32:22-23. Deus disse que lhes deu essa terra, que ele prometeu com juramento a seus pais que lhes daria, uma terra que mana leite e mel; e eles entraram, e tomaram posse; mas não obedeceram a sua voz, nem andaram na sua lei; não fizeram nada de que ele havia lhes mandado; por isso ele deixou todo esse mal vir sobre eles.
Escrituras parecidas com essas podem ser multiplicadas várias vezes. Assim é claro que Deus cumpriu sua promessa da terra aos descendentes de Abraão. Como não foram fiéis, perderam o direito a qualquer alegação que possa ser feita de que a terra lhes pertence hoje.
As promessas
Uma das doutrinas mais fundamentais da maioria, senão todas, dos premilenaristas é que antes do fim dos tempos Deus dará a terra de Canaã aos judeus. Isso supostamente é porque ele lhes prometeu aquela terra mas nunca cumpriu sua promessa e, já que Deus é fiel, ele os dará a terra.É verdade que Deus prometeu essa terra aos descendentes de Abraão (os judeus). No entanto, a Bíblia mostra que não é verdade que ele não cumpriu a sua promessa. Como já observamos em Josué 21:43-45, o SENHOR a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais; e a possuíram e habitaram nela...Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que o SENHOR falara à casa de Israel; tudo se cumpriu.”
Também observamos que ficar com a terra estava condicionado à sua fidelidade.Claramente, eles eram infiéis e conseqüentemente perderam o direito de ficar na terra. Deus não deve essa terra a eles devido à infidelidade deles.
Outra promessa que Deus fez aos descendentes de Abraão pode ser achada em Gênesis 13:16, onde ele disse a Abraão, “Farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o pó da terra, então se contará também a tua descendência”. Depois, em Gênesis 15:5, ele disse a Abraão, “Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua posteridade”. Essa promessa também já se cumpriu. Quando Balaão tentou amaldiçoar Israel, “Então, o SENHOR pôs a palavra na boca de Balaão e disse... Quem contou o pó de Jacó ou enumerou a quarta parte de Israel?” (Números 23:5,10). Em 2 Crônicas 1:9, Salomão disse sobre Deus, “Tu me constituíste rei sobre um povo numeroso como o pó da terra”. Em Deuteronômio 10:22 lemos, “Com setenta almas, teus pais desceram ao Egito; e, agora, o SENHOR, teu Deus, te pôs como as estrelas dos céus em multidão”. Por isso, a promessa de descendentes numerosos se cumpriu.
A terceira e, sem dúvida, mais importante promessa a Abraão é a que se encontra em Gênesis 22:18. Essa é a ocasião quando Deus disse a Abraão para oferecer seu único filho, Isaque, como sacrifício. Abraão estava fazendo exatamente isso quando um anjo do Senhor parou sua mão e disse que, por não ter negado seu único filho, na descendência dele seriam “benditas todas as nações da terra”. Como a Bíblia claramente mostra, isso é uma bênção e promessa espiritual.
Há três partes dessa promessa:
1. O Descendente.
Fica claro em Gálatas 3:16 exatamente quem é o descendente. Aquele texto disse, “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.”
2. Todas as Nações.
No discurso de Pedro em Atos 3:25-26 ele disse aos judeus, “Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência, serão abençoadas todas as nações da terra. Tendo Deus ressuscitado o seu Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos abençoar, no sentido de que cada um se aparte das suas perversidades”. “Todas as nações” inclui judeus e gentios. O evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Romanos 1:16).
O reino – seu começo
Em 2 Samuel 7:12 Deus fez uma promessa a Davi. Ele disse, “Quando teus dias se cumprirem e descansares com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino”. Em cumprimento a essa promessa o anjo Gabriel disse a Maria, “Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai” (Lucas 1:31-32). Mateus 1:1 diz, “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão”. Em Mateus 3:1-2, depois de relatar o nascimento de Jesus, o texto diz, “Naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizia: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus”. Próximo significa em breve ou logo. Em Lucas 3:1-3, o relato diz, “No décimo quinto ano do reinado de Tibério César... veio a palavra de Deus a João.... Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão”. Observe que João veio durante o reinado de Tibério César, um governador romano.
Em Daniel, Nabucodonosor teve um sonho que Daniel interpretou que representava quatro reinos. O primeiro era a Babilônia, o próximo o Medo-Persa, o terceiro Macedônia, o quarto foi a Roma. Em Daniel 2:44, Daniel disse, “Mas, nos dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído”. Como vimos em Lucas, João Batista veio nos dias de um governo romano, e ele disse que o reino dos céus estava próximo. Então, o reino que fora prometido a Davi foi estabelecido nos dias do governo romano.
Além disso, Jesus disse a alguns dos seus discípulos, “Em verdade vos afirmo que, dos que aqui se encontram, alguns há que, de maneira nenhuma, passarão pela morte até que vejam ter chegado com poder o reino de Deus”(Marcos 9:1).
A argumentação dos pré-milenaristas é que o reino foi oferecido aos judeus, mas que eles rejeitaram a oferta, e Jesus adiou o estabelecimento do reino até a segunda vinda de Cristo. Isso tem algumas conseqüências sérias. Jesus disse que o reino viria durante a vida na terra dos seus discípulos que estavam com ele. Se não era para ser estabelecido no tempo que ele disse, ele se enganou a respeito. Jesus enganou-se a respeito de qualquer coisa? Também leva a conclusão absurda de que alguns dos que estavam vivos enquanto Jesus estava na terra estão com cerca de 2.000 anos! Também levanta a pergunta: A oferta do reino aos judeus foi uma oferta sincera? Se foi, Jesus enganou-se a seu respeito. Como pode ser? Também levanta a pergunta: O que teria acontecido se os judeus aceitassem a oferta? A igreja não teria se estabelecido.
Os pré-milenaristas também argumentam que o reino, como profetizado por Daniel, um dia se estabelecerá. Daniel, no entanto, disse que seria nos dias do governo romano. Pré-milenaristas argumentam que o governo será restaurado e então o reino se estabelecerá. A profecia de Daniel era a respeito de um governo romano após um governo macedônio, este antecedido de um governo medo-persa, antecedido por um governo babilônico. Todos esses reinos terão que ser restaurados? Isso vai além da credulidade! Seria bem melhor aceitar a verdade de que o reino foi estabelecido, e isso ocorreu nos dias dos apóstolos.
O que é o reino?
Em Daniel 2 há o relato de um sonho de Nabucodonosor e a interpretação que Deus deu a Daniel. Basicamente prediz a vinda de quatro reinos, sendo que o último foi a Roma. Em Daniel 2:44, Daniel explica que durante os “dias destes reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído”. O Novo Testamento começa contando como João Batista veio pregando “está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:2). Em Lucas 3:1-3 é óbvio que o trabalho de João foi feito durante o reinado da Roma. De acordo com Marcos 1:15, Jesus pregou dizendo, “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo”. Em Marcos 9:1 Jesus disse a alguns dos seus discípulos que eles não passariam pela morte até que terem visto o reino de Deus chegar com poder.
Fica claro a partir do Novo Testamento que ele construiu seu reino, e foi construído nos dias do governo romano. O inspirado apóstolo Paulo, ao falar dele e dos irmãos de Colossos, disse que o Senhor “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13). Observe o pretérito. Obviamente, quando Paulo escreveu a carta à igreja de Colossos o reino já existia e eles eram membros dele. Em Apocalipse 1 João disse que ele é um irmão e companheiro dos irmãos das sete igrejas da Ásia no reino. João estava no reino então claramente já existia.
Mas o que é o reino? Em Lucas 22:29-30, enquanto Jesus instituía a Ceia do Senhor, ele disse aos apóstolos, “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino”. A mesa do Senhor (sua Ceia) está no reino. Mas certamente sua Ceia devia estar na igreja (1 Coríntios 11:17-34). Em Atos 20:28, Paulo disse aos presbíteros de Éfeso que a igreja foi comprada com o sangue de Cristo. Em Apocalipse 5:9-10, Cristo comprou o reino com seu sangue. À partir desta e outras passagens parecidas vemos que a igreja e o reino são a mesma instituição. Em Mateus 16:17-19 Pedro faz a grande confissão que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Depois Jesus prometeu dar a chaves do reino dos céus a Pedro. As chaves indicam a autoridade de abrir. Portanto Pedro havia recebido a autoridade de abrir o reino dos céus. Ele fez isso de acordo com o relato em Atos 2. Quando Pedro disse às pessoas o que precisavam fazer para serem salvas, ele estava usando as chaves para abrir a porta para o reino dos céus. No entanto, Atos 2:47 diz que os salvos foram acrescentados à igreja. É a partir desses fatos que em Mateus 16:18-19 pode ser concluído sinceramente que a igreja e o reino são simplesmente dois aspectos da mesma instituição.
E. C. Coffman chama nossa atenção aos seguintes assuntos, para mostrar que o reino e a igreja são a mesma entidade, apenas vista de maneiras um pouco diferentes.
I. Não há diferença entre o “governador” e autoridade.
A. Cristo é a cabeça da igreja (Colossenses 1:18)
B. Cristo também é o rei do reino (Atos 17:7; Apocalipse 1:5)
II. Não há diferença em como entrar: pessoas que nascem da água e do Espírito entram no reino (João 3:3-5). É assim que uma pessoa entra na igreja (1 Coríntios12:13)
III. Ambos se estabeleceram ao mesmo tempo: a igreja em Atos 2:16-17, 47; o reino em Atos 2:30-36.
IV. Foram estabelecidos no mesmo lugar: Jerusalém (Isaías 2:3) a igreja, que é a casa de Deus (1 Timóteo 3:15; Atos 2:5, 30-33).
O reino foi adiado?
Éo ensinamento dos pré-milenaristas que, na primeira vinda de Jesus, um reino terreno e literal como o de Davi seria estabelecido. No entanto, os judeus rejeitaram Jesus e seu reino. De fato, mataram-no. Mas já que Deus prometeu tal reino, e ele não pode mentir, ele adiou o reino até a segunda vinda. Durante esse tempo a igreja, ou como é chamada às vezes “a era da igreja”, foi introduzida. Essa era da igreja, dizem os pré-milenaristas, era completamente desconhecida pelos profetas do Velho Testamento ou qualquer outro homem. O que as Escrituras dizem?
Como já observamos, de acordo com a Bíblia, o reino veio durante a vida de alguns dos apóstolos (Marcos 9:1). E Paulo e outros do primeiro século estavam nele (Colossenses 1:12-13).
E esse período de adiamento? Muitas pessoas sugerem que Deus ainda tem um trabalho especial para os judeus, e que estes continua sendo seu povo especial. Mas, como 0. T. Allis, na sua obra clássica Prophecy and the Church (Profecia e a Igreja), na página 78, mostra um apelo às Escrituras, "Jesus declarou aos judeus que o reino ‘seria tomado deles’ (Mt. 21:4 e segs.). Os filhos do reino (os herdeiros naturais e pela lei) serão ‘lançados fora’ (7:1 e segs.). Nem um daqueles ‘chamados’ deve participar do casamento (Lc. 24:24). A vinha será entregue a ‘outros lavradores’; a ‘um povo que lhe produza os respectivos frutos’: homens virão dos ‘caminhos’ do ‘leste e oeste, e norte e sul’ para participar do casamento com Abraão, Isaque e Jacó.” Como ele nota, essas Escrituras “sugerem claramente que o período de particularismo judaico estava acabando.” Nada é dito ou sugerido sobre um adiamento e uma segunda chance depois.
João Batista disse a mesma coisa. “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus...e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Mateus 3:2,9). Como Paulo disse, “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes. Dessarte, não pode haver judeu nem grego...” (Galátas 3:26-28).
Essa doutrina do adiamento tem algumas conseqüências graves: 1. Jesus sabia que os judeus iriam rejeitar sua oferta do reino? Se ele sabia, ele disse a verdade quando disse que o reino estava próximo? 2. Se foi uma oferta sincera, teoricamente eles teriam aceitado. Se tivessem aceitado o que teria acontecido com a cruz? Um autor pré-milenarista disse, “Pode ser dito de uma vez que a morte de Jesus não fazia parte do plano de Deus.”
Como isso se relaciona com a teoria que o estabelecimento da igreja era completamente desconhecido às pessoas do Velho Testamento e que era um mistério até que foi revelado, considere o seguinte: Numa ocasião um dos principais dos pré-milenaristas veio à cidade onde eu morava. Ele tinha um programa de rádio daqueles que os ouvintes podiam ligar e lhe fazer perguntas. Um dia aconteceu o seguinte. “É do seu entendimento que a vinda da igreja na era da igreja era completamente inesperada e não foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, que a rejeição de Jesus não era esperada e que o reino foi adiado. Então, como você sabe que Jesus não será rejeitado quando vier outra vez e um outro adiamento acontecerá? Afinal, isso era a situação entre as pessoas do primeiro século, como você sabe que isso não acontecerá novamente?” Sua resposta foi que eles apenas acham que isso não vai acontecer. Foi uma resposta insuficiente.
O arrebatamento
Você provavelmente já viu um adesivo num carro que diz algo como “Em caso de arrebatamento esse carro ficará desgovernado.” O que isso quer dizer? Os pré-milenaristas ensinam que Jesus virá e que, naquela hora, todos os que “estão em Cristo” serão levados secretamente para encontrar com o Senhor no ar. Mas não é só isso.
De acordo com a teoria, quando os santos forem arrebatados encontrarão o Senhor no ar e ficarão com ele por um período de sete anos. Durante esse tempo terá uma grande tribulação para aqueles que permanecerem na terra; os judeus voltarão à terra prometida (ou seja, prometida aos judeus literais) na descrença. Após um período de três anos e meio o Anticristo causará grande tribulação para aqueles que estão na terra. Há muito mais, mas para resumir, no final dos três anos e meio Jesus voltará e estabelecerá seu reino na terra por 1.000 anos (literalmente), no final dos quais ocorrerá o julgamento e o fim do mundo.
Enquanto há erros no precedente, a Bíblia ensina que Cristo voltará e que seu povo irá ao seu encontro no ar. Uma passagem que fala sobre isso é 1 Tessalonicenses 4:16-17. “...o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor”.
Algumas coisas são vistas claramente aqui que negam a teoria pré-milenarista do arrebatamento. Em primeiro lugar, a sua vinda não é “silenciosa” como eles alegam, mas é audível. Observe: o texto diz que o Senhor descerá, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus. A mesma observação é feita em João 5:28. Ao falar do ressurreição, Jesus disse, “... porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz [de Jesus] e sairão”. Mais uma passagem que fala da ressurreição é 1 Coríntios 15:52 (“...ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis”).
A segunda vinda não será apenas audível e, por isso, contraditória à teoria do arrebatamento silencioso; também não será em segredo mas visível e público. Em Apocalipse 1:7 a Bíblia diz “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram”. Alguns ensinam que apenas aqueles que estão preparados o verão. Ele será invisível para outros. No entanto, esse texto diz que aqueles que o traspassaram o verão. Esses certamente não eram seu discípulos.
Um ponto vital na teoria pré-milenarista do arrebatamento é o ensinamento que o Senhor virá arrebatar a igreja e, após um período de sete anos, ele voltará para estabelecer seu reino. Uma pergunta importante é “Onde está a passagem que diz que o chamado arrebatamento acontecerá sete anos antes da segunda vinda?” O resto da doutrina pré-milenarista do arrebatamento é tão cheia de enigmas com erros como esse.
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